terça-feira, 28 de abril de 2009

MACHO-ALFA

Ontem, uma terceira mulher veio a público afirmando ter um filho do ex-bispo e presidente (do Paraguai) Fernando Lugo. E a história pode não parar por aí. Segundo Damiana Hortência Morán Amarilla, mãe de Juan Pablo batizado em homenagem ao falecido Papa Jõao Paulo II mais seis mulheres estariam dispostas a entrar na Justiça para reivindicar a paternidade de Lugo para seus filhos. Outros rumores falam em 17 mulheres. (...) “Lugaucho tiéne corazón, pero no uso el condón”, diz a estrofe de “Lugaucho” do grupo Los Angeles, destacando que o ex-bispo não usou preservativo. (...) “sem maioria no Congresso, o grande capital político de Lugo era sua moral, que agora também está sendo questionada.” disse (a historiadora) Rivarola.¹

Em que circunstância um bispo com alta ambição política não guardaria o celibato e nem usaria preservativos? Quando sua natureza de macho-alfa é mais forte que sua fidelidade à Igreja e prudência política. É próprio do animal macho-alfa gerar prole numerosa e se eximir da responsabilidade de criar. O que explica, mas não justifica a postura. Pessoas escrupulosas procuram conhecer a natureza humana (animal) para se precaver de abusos, não para justificá-los.

O conselho de se afastar do que quiser evitar vale para comida, álcool, drogas, compras ou, em particular, para as tentações do amor.²

(1) “Um amante nota 10”, pág. 23 do jornal O Globo de 23/04.

(2) “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”, pág. 94.

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terça-feira, 21 de abril de 2009

O FEMINISMO MORREU? – 3ª Parte (final)

Namorados resolvem casar-se, ambos têm bons empregos. Independentes e acreditando na igualdade entre os sexos escolhem o regime de separação total de bens. Os filhos vêem, um, dois e, num descuido, o terceiro. Diariamente, ela se esforça para sair cedo do serviço para cuidar da casa e das crianças. Ele segue focado no trabalho, 10 horas por dia, até mais. Torna-se sócio da empresa. O salário dela deixa de ser significativo no orçamento familiar e ela se demite para cuidar exclusivamente do lar. Os filhos crescem e saem de casa. Ele se apaixona por uma jovem. O casal se separa num clima péssimo. Ele está rico. Ela nada tem e nada pode reivindicar.

Partindo-se da premissa falsa, no entender do evolucionismo da igualdade entre os sexos, nada está errado. Como diz o dito popular “o combinado não é caro”. Se o casal combinou casar-se em separação total de bens, ela investiu num bem com valor apenas afetivo (os filhos em comum) e ele investiu num bem financeiramente valioso (o trabalho), nada mais justo do que ele ficar rico e ela pobre, ele bem e ela mal. Quem mandou ser “burra”? As mães que criem meninas e meninos exatamente da mesma maneira que, na próxima geração, o problema desaparece (se o darwinismo estiver errado). No entanto, se aceitarmos que as diferenças biológicas entre os sexos são suficientemente fortes para distorcer nossa escala de valores em favor do sexo dominante e para condicionar as escolhas que mulheres e homens fazem, haverá muito que discutir, muito que mudar.

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segunda-feira, 13 de abril de 2009

O FEMINISMO MORREU? – 2ª Parte

Às vezes assisto trechos do programa “Saia Justa” da GNT em que quatro mulheres inteligentes, bem sucedidas, bonitas e talentosas conversam sobre temas variados e fico impressionado com o incômodo que o evolucionismo lhes causa. Elas têm a maior dificuldade para entender, ou aceitar, o alcance das diferenças biológicas entre homens e mulheres. Se a elite padece de tais limitações, é compreensível que a sociedade em geral também padeça. Aceita-se que o homem seja biologicamente diferente da mulher no físico, mas não mentalmente. Um reitor americano foi mundialmente execrado porque aventou a hipótese dos homens serem naturalmente mais hábeis para a matemática do que as mulheres. Não sei quanto a matemática especificamente, mas é razoável que homens e mulheres tenham diferentes dotes mentais, como acontece com os dotes físicos. Assim como o corpo masculino é geralmente mais forte e o feminino mais flexível, não me admiraria se amanhã descobrissem que a mente das mulheres é melhor para história e a dos homens para geografia, por exemplo. Mas isso é tabu. É tabu porque as mulheres pressentem que, em média, os homens são melhores do que elas em tudo que é mais valorizado pela civilização contemporânea: em força, em agressividade, na obstinação para ganhar dinheiro, na busca de poder e, talvez, até em matemática. Seriam as mulheres inferiores ou é a escala de valores que os homens criaram que sobrevaloriza as qualidades masculinas?

Repensar os valores da sociedade é uma tarefa para décadas, mas na próxima semana, se nenhum assunto palpitante se intrometer, encerro esta trilogia com um exemplo hipotético.

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terça-feira, 7 de abril de 2009

O FEMINISMO MORREU?

© Valentin Mosichev | Dreamstime.com

Qual a grande bandeira do feminismo para este início de Século XXI, alguém sabe? Que desejam as mulheres, uma nova revolução de costumes e mentalidades como fizeram no Século XX ou apenas um pouco mais do mesmo? Sabem o que querem ou estão perdidas?

O próprio sucesso as levou para um beco aparentemente sem saída: um imenso conflito entre razão e emoção. Por exemplo, a mulher se lançou no mercado de trabalho disposta a enfrentar o homem de igual para igual. Mas ela, emocionalmente, tem muito mais apreço à casa e aos filhos do que ele. E como para tudo na vida, quem tem mais apreço assume a responsabilidade, a mulher se auto-impôs a dupla jornada de trabalho. Os homens insensíveis não estão nem aí para o lar e os sensíveis ajudam, um pouco: enxugam pratos que elas ― depois de uma infinidade de outras tarefas ― lavam, brincam com as crianças e, de vez em quando, dão umas duras.
Acredito que o próximo grande passo do feminismo será dado quando as mulheres aprenderem a valorizar suas próprias virtudes e não as qualidades mais características da natureza masculina. Enquanto valorizarem mais a força que a delicadeza, mais a agressividade que a doçura, mais a conquista que a posse, mesmo não admitindo, sentir-se-ão inferiores.

Continua na próxima semana, se nenhum assunto palpitante se intrometer.

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