quarta-feira, 16 de maio de 2012

ALDEIAS VIRTUAIS


Pesquisas comprovam que os habitantes das cidades grandes são mais liberais que os das pequenas porque, nestas, é mais comum um comportamento reprovável cair no domínio público e prejudicar reputações. Por exemplo, uma garota abusar da sensualidade num baile de aldeia é um acontecimento, a comunidade toda vai comentar e a jovem, provavelmente, ficará com má fama. Na cidade grande, tomando alguns cuidados, ela poderia se esbaldar a vontade que dificilmente seria vista por conhecidos.

Nos sites de relacionamento social, como dá status ter muitas amizades e é indelicado recusar adesões, as pessoas costumam aceitar amigos, amigos de amigos, colegas, chefes e subalternos formando comunidades de centenas de pessoas conhecidas, verdadeiras aldeias virtuais.

No exemplo, suponha que na cidade grande a garota encontre um conhecido, um único, que resolva registrar sua inconveniência com o celular e postá-la no Facebook (ou Instagram). Todos seus conhecidos irão vê-la na situação comprometedora, “curtir” e comentar tal qual nas pequenas comunidades.

O progresso tecnológico, socialmente, está nos convidando a regredir para o aldeamento. É cômico, se não for trágico!

Foto: © Dpikros | Dreamstime.com
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segunda-feira, 7 de maio de 2012

AQUI, AGORA E... NO FACEBOOK TAMBÉM


Minha mulher resolveu fazer um curso de budismo à noite. Convidou-me a acompanhá-la e até pagou minha inscrição. Na plateia havia umas 40 pessoas, dentre as quais, mais de 30 mulheres. Não acredito que elas tenham particular interesse pelo budismo. As mulheres também são maioria nos cursos de história, arte, psicologia, culinária, atualidades, etc, pois o interesse variado é próprio da natureza feminina.  Já na Pré-História, enquanto os homens saíam para caçar, as mulheres dedicavam-se a casa, aos filhos e a muitas outras atividades, inclusive, a fazer fofoca – ferramenta de rede social precursora do Facebook.

Durante o curso, destacou-se a unicidade de cada momento da vida, que é um conceito multicultural: o filósofo grego Heráclito (aprox. 500 a.C.) dizia ser impossível entrar duas vezes num rio, pois, na segunda, o rio não seria mais o mesmo, nem a pessoa. Como cada momento da vida humana é único, budistas e filósofos ocidentais recomendam vivê-los com dedicação.

Na saída da última aula, quatro alunos interceptaram o professor para uma última pergunta. Nem bem ele começou a respondê-la, uma das moças do grupo sacou seu iPhone e pôs-se a surfar pela internet, mandando às favas a tão decantada preciosidade do momento único (além da recomendável polidez).

Foto: Buda de Jade de Bancoc, foto do autor.
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