quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

FONTE DA JUVENTUDE?


Supõe-se que a vida média dos humanos na Pré-História foi inferior a 20 anos. Na Idade Média, 40. No Japão atual, mais de 80. Até onde pode-se chegar?

Infelizmente, ainda não existe qualquer tecnologia que consiga aumentar a vida das pessoas, consegue-se apenas evitar a mortalidade precoce causada por fome, frio, acidentes e doenças evitáveis.

Quando a morte prematura for praticamente extinta e quase todos morrermos de velhice, imagino que a expectativa média de vida deva chegar aos 100 anos, não mais, a menos que... a vida humana possa ser realmente estendida.

O que é morrer de velhice? É morrer de doenças degenerativas relacionadas à idade, como a degeneração do músculo cardíaco, alguns tipos de câncer, Alzheimer, Parkinson, etc.

Em 1935 o nutricionista Clive McCay mostrou que colocar ratos jovens em dieta de fome severa prolongava extraordinariamente suas vidas. Desde então, a restrição calórica vem provando experimentalmente estender a vida de animais variados como aranhas, cachorros e até macacos. Cortar a ingestão de calorias em 1/3 tem prolongado a vida animal em até 40% e dado aos animais velhos aparência jovem e saudável. Ou seja, com os recursos sanitários, médicos e alimentares atualmente disponíveis, uma pessoa poderia ser jovem e saudável aos 90 anos e viver 140 caso se sujeitasse a passar fome a vida toda.

A fome prolonga a juventude porque interfere no processo de reprodução celular. Absorvendo nutrientes as células crescem até se reproduzirem, dividindo-se em duas. Quando há escassez de alimentos, as células mantêm-se vivas por autofagia, que consiste em obter energia consumindo componentes internos defeituosos como proteínas malformadas e mitocôndria disfuncional. Como resultado, ficam mais saudáveis e reproduzem-se menos, diminuindo a probabilidade da geração de células degeneradas que, normalmente, surgem de acidentes na reprodução celular.

Na década de 1990 descobriu-se que a droga rapamycin inibe a enzima mTOR, que avisa as células de que há nutrientes disponíveis no organismo. Portanto, em tese, a pessoa não precisaria viver com fome para otimizar seu desenvolvimento celular, bastava tomar o rapamycin para impedir a enzima mTOR de avisar as células sobre o alimento disponível.

A função da enzima mTOR é mais complexa do que simplesmente avisar as células sobre a disponibilidade de nutrientes e a droga rapamycin provoca graves efeitos colaterais. Mas, apesar de todo o desconhecimento que ainda envolve a matéria, pela primeira vez na história da humanidade, retardar o envelhecimento é uma possibilidade.

Fonte: Revista Scientific American, janeiro de 2012, reportagem de capa: The Pathway of Youth?

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