sábado, 28 de novembro de 2009

FILHO DE EINSTEIN E MARILYN MONROE

Conta uma conhecida anedota que Marilyn Monroe teria proposto ao Einstein fazerem um filho que nasceria com a beleza dela e a inteligência dele. E que o cientista questionara: e se nascer com a minha “beleza” e sua “inteligência”?

Ainda bem que não tiveram esse filho. Não sei quanto à beleza, mas, provavelmente, nasceria com a inteligência da Marilyn: o cérebro típico é resultado de contribuições assimétricas do pai e da mãe. As funções cognitivas mais elevadas parecem ser desproporcionalmente controladas pelos genes da mãe, enquanto o apetite por comida e sexo é influenciado pelos genes do pai.*


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domingo, 22 de novembro de 2009

CASAMENTO OU NAMORO, COMO SABER?

© Nikolay Mamluke | Dreamstime.com
Antigamente era fácil: casou no civil e religioso, estava casado; não casou, não estava. Hoje, tem quem casa (de papel passado) e separa e quem nunca se casa e vive junto até que a morte o separe. Tem casal que coabita e se diz namorado e que mora separado e se diz casado.

Uma solução poderia ser a dos racistas brasileiros que, na impossibilidade de definir cientificamente raça, resolveram considerar branco ou preto quem assim se declarar: quem se dissesse casado estaria casado, quem se dissesse namorado seria namorado. Simples, não?

Ao menos na segregação racial, o critério não vem dando certo, você se lembra: dois irmãos gêmeos idênticos declararam-se pretos para se beneficiarem da discriminação racial, um foi considerado verdadeiramente preto, o outro, apenas um branco mentiroso.

Vejamos a questão do casamento através do darwinismo. Na natureza, machos e fêmeas se unem para preservar a espécie. O ser humano contemporâneo é exceção, acasala-se para ter filhos ou exclusivamente por prazer. Minha proposta é simples: os casais que têm filhos são casados, os outros não. Assim, o casal que namora e tem filhos é casado, o que tem filhos e já não namora foi casado, e o que namora e (ainda) não tem filhos é namorado. Independentemente do que eles ou seus documentos dizem.

E os casais que biologicamente não podem ter filhos? Se adotarem, são casados; senão, continuam namorados.

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domingo, 15 de novembro de 2009

HISTÓRIA: USO SEXUAL DO VIBRADOR

A histeria foi uma antiga doença psicológica que na década de 1920 foi diagnosticada por Freud como de origem sexual, causa que no jargão popular moderno poderíamos chamar de tesão reprimido. Os sintomas eram graves: pânico, perda do autocontrole e até paralisia, surdez ou cegueira. O que eu não sabia é que muito antes de Freud, textos médicos do Século I já prescreviam terapêutica mais eficiente que fazer digressões sobre a infância: massagear o clitóris das pacientes até o paroxismo (orgasmo). Como a terapia requeresse certa constância, os doutores costumavam repassar o procedimento para as enfermeiras. Até que, na virada do Século XVIII para o XIX, alguém teve a brilhante idéia de prescrever tratamento em casa dando uso específico a um equipamento preexistente: o vibrador. “Máquina de eletromassagem do Dr. John Butler para curar doença em casa”, dizia um anúncio da época. Foi um sucesso. Parece ter havido uma epidemia da enfermidade porque o eletrodoméstico tornou-se o 5º mais comum nas residências. Depois de comprar máquina de costura, ventilador, chaleira e torradeira elétricas, era a vez do vibrador.

Inspirado em artigo de Mara Hvistendahl para a Scientific American de Setembro de 2009.

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sábado, 7 de novembro de 2009

PLÁSTICAS NAS ARTES CÊNICAS

© Mangostock | Dreamstime.com
A teoria da evolução afirma que mulheres novas são sexualmente mais atraentes porque a natureza sabe que juventude é sinônimo de fertilidade. Para manter a aparência jovem as mulheres usam uma série de truques que culmina na cirurgia plástica.

As artistas aderiram primeiro às cirurgias plásticas, a tal ponto, que cheguei a temer que muitas histórias não pudessem mais ser representadas por falta de artistas com cara de mãe ou avó. Mas a onda da plástica se alastrou tão rapidamente que mães e avós logo ficaram com a cara das artistas, eliminando o problema. Não sei como vão fazer com os filmes de época. Já pensou, Dona Benta com a cara da Marta Suplicy?

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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

VOCÊ ENXERGA O MESMO QUE EU?

Como é nossa visão das cores? Temos três tipos de células sensíveis à cor intercaladas na retina, chamadas cones devido a seu formato: vermelho, verde e azul. Simplificando, os cones vermelhos são especializados em enxergar o componente (ondas eletromagnéticas) vermelho da luz; o cone verde, o verde; e o cone azul, o azul. Quando três diferentes cones contíguos enxergam suas cores na mesma intensidade nosso cérebro vê branco, quando os três não enxergam vê preto. Todas as outras cores são geradas por proporções diferentes de estímulo em cada tipo de cone.

Nem sempre foi assim, na época dos dinossauros, os mamíferos eram pequenos animais subterrâneos ou noturnos, com percepção monocromática da luz: tinham apenas o cone azul, produzidos por um gene que chamarei de gene azul, localizado em um cromossomo não sexual. Na longa evolução até o ser humano, uma cópia deste gene migrou para o cromossomo sexual X, sofreu duplicação e alterações que originaram os genes verde e vermelho.

Assim como boas alterações produziram os genes verde e vermelho, alterações ruins criaram genes verde e vermelho defeituosos que provocam o daltonismo.

Homens herdam um cromossomo X da mãe e um Y do pai. Se o gene verde ou vermelho deste cromossomo X estiver defeituoso, ele será daltônico. Mulheres têm dois cromossomos X, um herdado da mãe e outro do pai. Têm, portanto, os genes verde e vermelho em duplicata. O daltonismo é mais raro nas mulheres porque basta um gene perfeito de cada cor para se enxergar corretamente.

Como a região do cromossomo X dos genes de percepção de cor é especialmente suscetível a alterações genéticas, é possível que exista mais de uma versão funcional para os genes verde e vermelho. Se existir, em tese, algumas mulheres podem ser até pentacromáticas (além do azul, herdarem dois genes verdes e dois vermelhos, todos diferentes).

Questão a se investigar. Pessoalmente, custo crer que tal fenótipo de supersensibilidade para cores exista e ainda não seja bem conhecido. A hipossensibilidade (o daltonismo) foi descrita no Século XVIII.

Inspirado no conto do Bugio de A Grande História da Evolução de Richard Dawkins (Ed. Companhia das Letras).

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