quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO!


Mulheres e homens são diferentes. Durante toda a história da humanidade, sempre que havia discordância, o homem mandava e a mulher de juízo obedecia porque, além de ela ser fisicamente mais fraca, era o homem que provia a casa, se o desafiasse, arriscava-se a ser abandonada e não ter como se sustentar.

Essa realidade está mudando. À medida em que a mulher vai ficando economicamente independente, sua tolerância às idiossincrasias masculinas diminui. Como os homens gostam de mulheres submissas e as mulheres não aceitam mais se submeter, cada vez mais gente mora sozinha.

Quem não consegue compartilhar a vida com o outro sexo precisa recorrer a produção independente para ter filhos e, neste aspecto, as mulheres levam vantagem: é mais fácil conseguir um punhado de espermatozóides que óvulos e barriga de aluguel.

Enquanto a produção independente for exceção, não vejo maior problema, mas se o admirável mundo novo caminhar nesta direção, algumas questões éticas se impõem, pois a seleção artificial produz resultados rapidamente, faz em décadas o que a natureza não fez em milênios, haja vista, a variedade de raças de cães e gatos que criamos.

A mulher vai ao banco de sêmen  e escolhe, como falou uma entrevistada à Revista Veja desta semana (pág. 105), o esperma de “um professor de história de olhos verdes, 1,89 metro e sorriso encantador”, dizendo: “Optei pelo tipo de homem pelo qual poderia me apaixonar”. Está enganada,  quando um homem e uma mulher têm filhos por seleção natural, cada um verificou uma infinidade de características do outro (intuitivamente e racionalmente): caráter, companheirismo, sociabilidade, agressividade, poder, sucesso, etc.

Que tipo de homem doa esprema para um banco de sêmen? Não sei, mas não creio que seja o típico pai de família que, por seleção natural, é escolhido. Não vejo aquele senhor, casado, reunir a família para perguntar o que a mulher acha de ele engravidar outras mulheres, um monte delas, ainda que, sem envolvimento físico e emocional e para os filhos se eles não se incomodam de ter irmãozinhos desconhecidos, às dúzias, perambulando por aí. E por que o jovem promissor quereria espalhar descendentes biológicos antes de constituir sua família? Se for prudente, vai temer ser legalmente responsabilizado no futuro.

O homem que tem filho fruto de um episódio de sexo fortuito é legalmente responsabilizado por ele. E o doador de esperma que põe dezenas de filhos no mundo, não poderá ser responsabilizado por eles? De acordo com a legislação atual, acredito que sim.

Nos países onde a lei permite a venda de sêmen, imagino que os doadores sejam majoritariamente homens com dificuldades financeiras, mas no Brasil, onde esse comércio é proibido, há que se apurar o que os motiva.

É um assunto novo, certamente, ainda há muito em que se pensar.
Foto:© Alexhg1 | Dreamstime.com
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domingo, 11 de dezembro de 2011

FINA ESTAMPA: REALISTA OU FANTASIOSA - 2?

Li hoje na Revista da TV de O Globo que nos próximos capítulos Guaracy “garante que assumirá o filho que Esther está esperando”.

Nas novelas da Globo é fácil para as grávidas encontrarem homens dispostos a namorá-las e assumir seus filhos (de outros homens) em gestação. Não é preciso sair do horário das 21:00 h. para colher mais exemplos: Em “A Favorita” ― protagonizada por Cláudia Raia e Patrícia Pilar, esta no papel de uma psicopata  ― a jovem Mariana (Clarice Falcão), grávida de outro, conquista o adolescente Shiva (Miguel Rômulo) e o namoro resiste ao crescimento da barriga e ao nascimento do bebê. Em Insensato Coração ― com Débora Seco no papel da periguete que se casa com um banqueiro do mal ― a mocinha Cecília (Giovanna Lancellotti) engravida do mau caráter Vinícius (Thiago Martins) e, grávida dele, reata o namoro com seu grande amor, Rafael (Jonatas Faro).

Na vida real, namorar uma  mulher sabidamente grávida de outrem, embora possível, seria a última das escolhas masculinas, opção de quem não tem outra alternativa, não do Guaracy, um homem bonito e relativamente bem sucedido.

Tal consideração é antipática às mulheres, mas cabível, em se tratando de um blog evolucionista: no ambiente de escassez em que viveram nossos ancestrais, o macho que aceitasse o risco de criar filhos de outros machos poderia não ter recursos suplementares para criar seus próprios filhos e não conseguir passar seus genes adiante. Embora o discurso do homem tenha se modernizado rapidamente nas últimas décadas, seus sentimentos, sujeitos à mutação no ritmo lento da evolução das espécies, permanecem os mesmos dos séculos XX, XIX, XVIII...

Já imaginou que bom seria se a mulher pudesse engravidar a seu bel prazer ― de quem quisesse e quando quisesse ― sem nenhum prejuízo para sua capacidade de amar e ser amada por outros homens? Os novelistas imaginaram.

Foto: © Rqs | Dreamstime.com

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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

FINA ESTAMPA: REALISTA OU FANTASIOSA?

Em Fina Estampa, Esther é casada há anos com um homem estéril. Quando finalmente resolve ser mãe, não tendo mais idade para gerar filhos, decide submeter-se ao implante de embriões produzidos in vitro com óvulos e espermatozoides doados por desconhecidos. Se o procedimento tiver sucesso, vai parir um bebê que não será seu filho biológico, nem do marido.

A solução de Esther parece irreal, mais normal seria ela adotar uma criança. Mas a novela apenas antecipa o futuro, quando não haverá mais crianças disponíveis para adoção e a fertilização in vitro tornar-se-á menos dispendiosa e mais eficaz. Nos países desenvolvidos, o acesso a informação, aos métodos contraceptivos e ao aborto legal praticamente acabou com o nascimento de candidatos à adoção.

Além de beneficiar crianças e pais adotivos, a adoção resolve um problema dos doadores. Mas a doação de esperma e óvulo não resulta em benefício para os doadores, a menos que recebam contrapartida financeira, que é proibida no Brasil, mas permitida em vários países: Estados Unidos, Espanha e Israel, por exemplo.

A “solução de Esther” já é sucesso onde o comércio de gametas foi legalizado (http://www.istoe.com.br/reportagens/100342_TURISMO+DA+FERTILIDADE).

Foto (© Monkey Business Images | Dreamstime.com): médico retira óvulos de ovário utilizando ultra-som.
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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

LEI SECA


A revista Veja desta semana, pág. 76-81, publica reportagem sobre o fracasso da Lei Seca: “O número de pessoas que morrem nas ruas e estradas nunca foi tão alto”.

O problema da Lei Seca, a meu ver, é que ela pune o infrator sem, contudo, ser eficaz na proteção da sociedade. Segundo a reportagem, “no Rio de Janeiro, por exemplo, desde 2009, 40.000 pessoas se recusaram a soprar o bafômetro”, pois, a punição "não passa de multa de 957 reais, mais 7 pontos na carteira e a perda da habilitação por cinco dias.” A lei espera o motorista alcoolizado causar dano para encarcerá-lo. Estaria correto, se o objetivo fosse exclusivamente punir o infrator: pena leve para quem apenas bebeu e pesada para quem causou lesão ou morte.

Mas para proteger a sociedade, é sempre melhor prevenir que remediar. Baseado no princípio constitucional de que ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si, o motorista tem direito de recusar-se a fazer o teste do bafômetro. Perfeito! Mas, ao exercer tal direito, em vez de receber uma multa, deveria perder a liberdade de dirigir. Por exemplo: durante um ano na primeira infração, cinco na reincidência e, na terceira vez, perderia definitivamente a carteira de motorista. E o sujeito pego dirigindo com a habilitação legal suspensa ou caçada seria preso em flagrante.

Clama-se por cadeia depois que o pior já aconteceu, mas pouco se fala em cerceamento preventivo de liberdade para evitar o pior. Aparentemente, nosso instinto de vingança é mais forte que a razão (veja mais em: http://datrabalhoserfeliz.blogspot.com/2011/09/vinganca-e-justica.html).

Foto: © Simonekesh | Dreamstime.com
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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

MERCADO DE TRABALHO: BELEZA ATRAPALHA?


Pesquisadores enviaram currículos para concorrer a milhares de vagas de emprego. Currículos idênticos eram apresentados, ora sem foto, ora com a foto de uma mulher comum, ora com a foto de uma mulher atraente. Dentre os currículos sem foto, 16,6% foram selecionados para entrevista. Dentre os com fotos de mulheres comuns, 13,6%. Dentre os currículos “de beldades”, apenas 12,8%. A mesma pesquisa, feita com homens, resultou mais de acordo com o esperado: os “atraentes” foram mais escolhidos, 19,7%; sem foto, 13,7% e os “comuns”, 9,2%.(*)

A julgar por esses resultados, a beleza facilitaria a vida dos homens, mas dificultaria a das mulheres.

De acordo com o evolucionismo, intuitivamente, percebemos a beleza como indício de boa saúde. E saúde é essencial para o trabalho, não faria sentido os empregadores descartarem justamente as candidatas que percebem como mais saudáveis.

A imprensa não costuma ser rigorosa na apresentação de pesquisas científicas. Todavia, dadas as informações divulgadas, eu diria que o estudo foi conduzido por cientistas do sexo masculino ― senão todos, a maioria ― e que o vício da pesquisa estaria na escolha das pessoas atraentes.

Os pesquisadores (homens) escolheram as mulheres que lhes eram atraentes. E os empregadores excluíram do processo seletivo aquelas que consideraram excessivamente sensuais e que poderiam desvirtuar os ambientes de trabalho. Na escolha dos homens bonitos, o critério certamente foi diferente, pois nenhum pesquisador-homem escolheria homens sensuais. Se os pesquisadores fossem orientados a escolher fotos de mulheres atrativas “com quem pudessem se imaginar casados”, eles próprios teriam excluído as de aparência notadamente libidinosa e, provavelmente, a beleza se revelaria mais valiosa para as mulheres que para os homens (a porcentagem de mulheres bonitas escolhidas seria ainda maior que a de homens).

As duas moças acima são atraentes, mas se as fotos estivessem encabeçando currículos equivalentes, para maioria das vagas oferecidas pelo mercado de trabalho, o currículo da direita seria escolhido e o da esquerda descartado.

Mulher bonita, você não precisa esconder sua beleza, basta saber mostrá-la de acordo com o objetivo.

(*) Fonte: Revista Claudia, Setembro de 2011, pág. 140.
Fotos, esquerda e direita, respectivamente: © Kirk655321 | Dreamstime.com e © Anytka80 | Dreamstime.com

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

POR QUE SÓ ACONTECE COM AS MULHERES?

A propósito das reportagens sobre a vinda do Justin Bieber ao Brasil que mostraram adolescentes histéricas, cada qual se declarando mais apaixonada que as outras, uma amiga inteligente observou que de Elvis aos dias atuais a histeria por ídolos é um fenômeno exclusivamente feminino. Por quê?

Deve haver explicação evolucionista(1) para a questão. Eu proponho a seguinte:

Estudos recentes sobre variedade genética mostram que o ser humano moderno descende de uma enorme quantidade de mulheres e de (relativamente) poucos homens. Para isso acontecer, alguns homens primitivos deviam ter muitas mulheres e outros nenhuma, como acontece nas comunidades de gorilas, leões, hipopótamos, etc., onde cada grupo tem um macho dominante, senhor de todas as fêmeas(2). A foto(3) acima flagrou cena comum na natureza: um único macho (com chifre) e suas várias fêmeas.

Portanto, se apaixonar (por um macho-alfa) e compartilhar o objeto da paixão é próprio da natureza feminina e não da masculina. A mídia globalizada apenas amplia o fenômeno em número, abrangência geográfica e teatralidade.

1. Como existe, por exemplo, explicação para a paixão pelo futebol:  http://datrabalhoserfeliz.blogspot.com/2009/12/final-do-campeonato-brasileiro-reedicao.html
2. Dá Trabalho Ser Feliz, Mas Vale a Pena, ed. Sextante, 2007, pág. 82.
3. Bati essa foto em visita à África do Sul em 2010.

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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A CIVILIZAÇÃO FAVORECE A MULHER


Como os homens, em média, ainda têm mais dinheiro e poder que as mulheres somos tentados a acreditar que a sociedade os privilegie. Errado, a civilização ocidental favorece a mulher contrapondo-se à predileção da mãe natureza pelo homem.

A Lei maior da natureza é a lei do mais forte. Ao fazer o homem mais forte que a mulher, a natureza deu a ele o domínio sobre ela.

Coibindo a violência, a civilização revoga o direito natural* do homem de fazer valer sua vontade pela força.

Ao atribuir encargos desiguais na reprodução mamífera, a natureza condenou as mulheres ao sexo responsável e deu liberdade sexual aos homens.

E a civilização desenvolveu métodos contraceptivos que libertam as mulheres do ônus da maternidade indesejada e criou leis de responsabilidade civil que caçam o direito natural* do homem de fazer sexo sem compromisso (com as possíveis consequências).

* No sentido estrito do termo.


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domingo, 18 de setembro de 2011

VINGANÇA E JUSTIÇA


O sentimento de vingança é próprio da natureza humana. A vingança é uma forma primitiva de controle social. O malfeito que não pode ser evitado deve ser punido para que o crime não compense.

É natural que os lesados queiram vingança, mas ao Estado cabe fazer apenas justiça. Qual seria o papel da Justiça? Infringir sofrimento a quem causou sofrimento? Não, isso seria vingança, entendo que a Justiça deva proteger a sociedade.

Caso 1

A maioria dos motoristas alcoolizados sofre pouca ou nenhuma punição. Quem atropela alguém, ainda que tenha bebido pouco e esteja dirigindo com cuidado, recebe pena bem maior. Por quê? Para satisfazer nosso sentimento de vingança.

Polêmica: a rigor, a pena deveria ser proporcional à falta cometida ― à imprudência ― e não ao resultado do acaso. Quem dirige perigosamente, mesmo que tenha tido a sorte de não se envolver em nenhum acidente, mereceria penalidade maior do que o motorista cuidadoso que, por azar, atropela alguém.

Caso 2

A maior pena na Justiça brasileira é a privação de liberdade, nossa lei não admite castigos físicos, nem pena de morte. No entanto, devido à superlotação dos presídios, milhares de presos são submetidos à insalubridade e à violência física e moral. Na prática, são torturados.

Polêmica: Vivemos numa sociedade capitalista que aceita que as alternativas do cidadão para saúde, habitação, transporte e educação dependam de sua situação financeira. Por que o atendimento à população carcerária é exceção? Por que não desonerar o Estado do custo de hotelaria dos presos que possam pagar estadas em presídios particulares, exigindo-se, em contrapartida, um padrão mínimo de qualidade da carceragem pública? Parece-me que nosso sentimento de vingança não quer ver o preso comum tratado com dignidade, muito menos o rico confinado num presídio cinco estrelas com sauna, piscina, sala de ginástica, tevê a cabo, etc. No entanto, se a pena máxima é a supressão da liberdade, pobres e ricos seriam penalizados conforme a lei brasileira, isto é, com a falta de liberdade.

Se achar que a simples reclusão é uma pena demasiadamente branda, experimente ficar em casa nas férias, um mês inteiro sem sair e sem se comunicar pelo telefone ou Internet. Eu nunca experimentei, mas imagino que seja desagradável (apesar do esforço para manter as aparências, o pessoal do Big Brother parece sair emocionalmente exausto da casa).

Foto: © Farsh | Dreamstime.com

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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O PENSAMENTO POSITIVO É NEGATIVO

A força do pensamento positivo puxa para trás. Estudos científicos mostram que quando as pessoas fantasiam o sucesso ― eu sou o maior, eu vou vencer ― seus níveis de energia, medidos pela pressão sanguínea, caem e elas obtêm piores resultados com os eventos reais do que quando pensam de forma mais realista ou negativa. Quando você se convence de que o sucesso é certo, é natural que perca o ímpeto competitivo. É como se já tivesse alcançado o objetivo.

O resultado não surpreende, é da natureza humana relaxar após uma conquista. É natural, por exemplo, que o aluno que estudou arduamente para passar no vestibular comece a faculdade em clima de comemoração e tome um susto nas primeiras provas. No vôlei, a síndrome do terceiro set é comum: a equipe abre 2 x 0 no placar, relaxa, e perde o terceiro set.

O pensamento positivo que funciona é sempre condicional: se eu me preparar mais, se me esforçar mais, se sacrificar prazeres para antecipar providências, posso vencer.

Fonte: Scientific American, September 2011, pág. 20.

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terça-feira, 16 de agosto de 2011

OS AFEMINADOS DE INSENSATO CORAÇÃO

Não me refiro aos personagens homossexuais, pois estes não são afeminados. Vejamos os três principais. O casal Hugo e Eduardo são dois homens, de comportamento plenamente masculino, que se amam. O Roni não é afeminado, é gay, no sentido próprio do termo. Seu comportamento é, simplesmente, mais alegre e divertido que o de homens comuns como Hugo e Eduardo. Afeminados são André, Raul, Pedro e Douglas.

André, que na primeira parte da novela era o estereótipo do “machão-pegador”, ao enamorar-se por Carol virou mulherzinha. Ela chega tarde do trabalho, exausta e impaciente ― comportamento tipicamente masculino ― e o encontra sempre em casa cuidando ou, simplesmente, paparicando o filhinho. Raul completa o triângulo amoroso no papel passivo da “outra”, a mulher que aguarda esperançosa seu homem decidir-se entre a esposa e ela. É o amor típico da subalterna pelo chefe casado. Sua estratégia de sedução é mostrar-se excepcionalmente doce e compreensiva para que, comparativamente, ele enxergue a esposa como megera. Carol é o “homem” disputado pela “esposa-mãe” (André) e a “outra” (Raul).

Como Pedro passou a maior parte da novela desempregado, ele, qual uma esposa tradicional, estava sempre em casa a espera do cônjuge-provedor (Marina) voltar do trabalho. Ela é mostrada como uma excepcional empresária. Ele é, basicamente, disponível e amoroso.

Douglas vive as agruras da noivinha entusiasmada com casamento, igreja, cerimônia, festa, roupas e fidelidade que vai se casar com um típico machão ― Bibi ― que não liga para essas “frescuras” e deseja, apenas, sexo.

Na vida real, os padrões comportamentais e emocionais masculino e feminino têm fundamentos biológicos que atendem às especificidades reprodutivas de cada sexo. É a natureza, e não a cultura, que propicia ao homem trair sem culpa ou fazer sexo sem envolvimento e à mulher não ou, praticamente, não. Na novela, para deleite do público feminino, as mulheres traem sem culpa, divertem-se fazendo sexo sem envolvimento e jamais depreciam o maridinho desempregado que fica em casa a espera delas.


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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

MULHER BONITA INCITA À GUERRA

Assim como outros instintos violentos, o desejo de estuprar subsiste no homem moderno. A civilização ― a religião, a moral humanista e as leis ― procura fazer com que tais instintos não se manifestem. Infelizmente, nem sempre consegue.

O estupro representa para o homem a possibilidade de, por pior que seja, por menos valorizado que se sinta, poder possuir uma mulher acima de sua capacidade de sedução.

Na guerra, quando os instintos violentos ficam exacerbados, aumentam os casos de mulheres molestadas (pelo exército invasor). O psicólogo Lei Chang, da Universidade de Hong Kong, associado a outros cientistas, resolveu investigar se o homem, inconscientemente, perceberia a guerra como oportunidade sexual.

E os resultados preliminares indicam que sim. Na pesquisa, observou-se um aumento estatisticamente significativo de apoio à guerra entre os homens que viram fotos de rostos femininos bonitos antes de responderem ao questionamento específico. O mesmo não ocorreu quando a visão era de mulheres pouco atraentes. E o apoio das mulheres à guerra não foi estatisticamente alterado pela visão de faces masculinas, belas ou feias.

Fonte: Scientific American, julho de 2011, pág. 13.

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terça-feira, 2 de agosto de 2011

É BOM POUPAR ÁGUA?

© Andrei Abrosimov | Dreamstime.com
Quando o ambiente muda, espécies mais bem adaptadas à nova realidade proliferam-se enquanto outras sucumbem. É a seleção natural.

A espécie humana suportou bem as mudanças em seu habitat provocadas por 1, 2, 3, 4, 5, 6 bilhões de pessoas. Suportou ainda o padrão de vida devorador de recursos naturais e poluidor de 800 milhões de europeus e americanos. Mas, suportará mais 2,8 bilhões de habitantes dos BRICS ― Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ― cujo estilo de vida ameaça aproximar-se rapidamente do padrão dos países desenvolvidos?

A espécie humana corre grave risco e os ecologistas nem sempre agem com inteligência.

Por exemplo, a água potável é um bem abundante e renovável em nosso país. E o governo veicula uma campanha na tevê incitando o cidadão a fazer pipi no banho para economizar água. Ridículo, o país todo tem fartura de água, a exceção, talvez, do semi-árido nordestino. Imagine o ribeirinho, às margens do Amazonas, assistindo a propaganda.

A solução é não poluir. É preciso suprir a população de saneamento básico (para que o esgoto in natura não contamine a água potável de lençóis freáticos, rios e lagos), o que requer competência; coibir as construções populares nas encostas de morros e margens dos rios, o que é impopular e custa votos; impedir as empresas de lançarem resíduos químicos sem tratamento na natureza, o que exige empenho; etc.

Poupando água você economiza uns trocados ao final do mês e só. Mas não contribui em nada para as futuras gerações.

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domingo, 24 de julho de 2011

DA PRÉ-HISTÓRIA AO FUTEBOL E AO PT

Em sua origem, o homo sapiens subsistia da coleta e da caça. Cada bando humano precisava de uma área extensa para sobreviver, pois a maioria das folhas não nos era comestível e os animais nos escapavam ― porque nosso estômago não digere celulose e, como predadores, somos lentos e fracos.

Quando a comida local escasseava, a tribo precisava invadir áreas vizinhas que, eventualmente, pertenciam ao domínio de outro bando. Guerreavam. Embora somente os guerreiros lutassem, o restante da comunidade ficava na maior torcida porque o resultado afetava todos. Guerreiros e torcida vencedores gozariam a fartura do território aumentado e a tribo derrotada seria exterminada ou escravizada, inclusive aqueles que não participavam diretamente da luta, como velhos, mulheres e crianças.

É esse instinto primitivo que governa a paixão do torcedor por um clube de futebol, paixão que pode levá-lo ao desatino e a violência, embora, hoje, sua sobrevivência já não seja mais ameaçada pela sorte do time que o representa.

Assim como não é permitido ao animal mudar de bando, nem ao selvagem mudar de tribo a seu bel prazer, é vergonhoso mudar de time. O torcedor faz a escolha na juventude e permanece fiel por toda vida. Depois, se o clube for pessimamente administrado, se jogar mal e perder mais do que ganhar, a paixão se encarregará de fazê-lo ver qualidade onde abundam os defeitos. E, quando a coisa for muito mal, atribuir a culpa aos outros, ao árbitro, por exemplo.

No pais do futebol, essa paixão chegou à política. O PT cresceu seduzindo a juventude pregando um socialismo ideal que, com vontade política e honestidade, daria igualdade material e poder aos excluídos. Décadas fora do governo, sem que seu discurso pudesse ser confrontado pela realidade, deram ao partido uma das maiores torcidas do Brasil, talvez até mais numerosa e apaixonada que a do Flamengo.

Todo partido tem seus simpatizantes, mas apenas o PT conseguiu angariar uma massa significativa de torcedores. Tenho amigos que são PT “doentes”. O amor deles pelo partido não diminue com o insucesso de políticas públicas, nem quando surgem suspeitas de corrupção e enriquecimento ilícito de dirigentes e familiares. É paixão típica de torcedor.

Estou convicto de que, se o campeão brasileiro de futebol fosse escolhido democraticamente, em turno único, o Flamengo seria campeão todos os anos. E, se esta análise estiver correta, faça bom ou mal governo, é provável ― não é "certo" porque as eleições majoritárias são em dois turnos ― que o PT permaneça muito tempo no poder.

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segunda-feira, 4 de julho de 2011

REVIRAVOLTA NO CASO STRAUSS-KAHN

Dia 1º de junho p.p. comentei que o diretor-gerente do FMI ex-deputado, ex-ministro de estado e apontado como favorito nas próximas eleições presidenciais da França havia sido preso acusado de tentar estuprar uma camareira de hotel. Comentei que era difícil acreditar que ele fosse um psicopata descoberto somente aos 62 anos depois de construir impressionante currículo. E questionei o que levaria um homem a arriscar tanto por tão pouco.

Após as primeiras investigações, o caso deu uma reviravolta. Agora, ao que parece, trata-se de uma garota de programa que, ao perceber a extraordinária importância de seu cliente resolveu travestir a relação consentida em estupro ambicionando indenização milionária. Porém, a questão continua válida: O que levaria um candidato à presidência da França, até então favorito, arriscar-se ao escândalo em troca de sexo?

E a resposta dada também continua válida: É que o ser humano é mais animal e menos racional do que admite. Embora a futura presidência da república seja um imenso atrativo para a ambição humana, o sexo imediato foi um atrativo maior para o “macho-alfa” Dominique Strauss-Kahn.

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quarta-feira, 22 de junho de 2011

PARA AMARRAR SEU HOMEM

© Fahrner78 | Dreamstime.com
Uma amiga, criada na fé católica, frequentava a igreja apenas quando convidada para casamentos e missas de 7º dia. Recentemente, resolveu confessar-se, coisa que não fazia há décadas. Começou contando que foi casada durante um quarto de século, divorciara-se e, após um período de celibato, encontrou um namorado, com quem está há dois anos. Ao contrário das descasadas que se entregam à luxúria, ela substituíra um relacionamento estável, monogâmico e fiel por outro igualmente virtuoso. Imaginava-se pura. Caiu das nuvens com a violenta recriminação do padre, em que não faltou a ameaça apocalíptica: “as portas do inferno estão abertas para você!” Ela se esquecera de que o casamento religioso é indissolúvel e que sexo, para a Igreja, não é divertimento.

Por que a espécie humana faz sexo por prazer? No mundo animal, o sexo é exclusivamente para procriar, a exceção, talvez, de alguns primatas como nós. Fora do cio, a fêmea evita o macho ― veja um exemplo curioso na postagem abaixo.

Segundo o evolucionismo: 1) A natureza dos mamíferos impõe à fêmea a responsabilidade de gestar o rebento e, em decorrência, também de criá-lo. 2) O filho humano requer enorme investimento até atingir a autossuficiência, nenhuma outra espécie empenha-se tanto na criação. 3) Provendo a mulher da capacidade de dar prazer mais frequente ao homem, a evolução dotou-a de forte atrativo para mantê-lo interessado e prestativo.

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segunda-feira, 13 de junho de 2011

FAMA SEM PROVEITO

Nos dicionários, um dos significados para “borboleta” é “prostituta”. Certamente devido ao comportamento “volúvel” do inseto que costuma borboletear de flor em flor. Que injustiça! Ao menos para a espécie Lycena phlaeas, cujo comportamento sexual foi recentemente estudado. Na presença de machos, as fêmeas que já copularam ficam de asas fechadas, discretamente, para não serem incomodadas. Apenas as virgens mantém as asas abertas exibindo as faces internas, que são coloridas e atraentes.

A foto é meramente decorativa, não sei a espécie, nem o sexo desta borboleta.

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quarta-feira, 1 de junho de 2011

DIRETOR DO FMI ACUSADO DE ESTUPRO

Ex-deputado, ex-ministro da Economia, Finanças e Indústria e apontado como favorito nas próximas eleições presidenciais da França, o diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn foi preso em Nova Iorque acusado de tentar estuprar uma camareira de hotel.

Difícil acreditar que seja um psicopata aos 62 anos e com esse currículo. O que levaria um homem a arriscar tanto por tão pouco?

É que o ser humano é mais animal e menos racional do que aceitamos admitir. Consequentemente, permitimos que a gazela entre na jaula do leão, contando que a razão prevalecerá. O que, nem sempre, acontece.

Em março de 2009, em outro contexto, tratei mais detalhadamente do assunto: http://datrabalhoserfeliz.blogspot.com/2009/03/estupro-de-criancas-e-drama-diario.html

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

A NOVA INVASÃO VIKING

O mundo está cada vez mais light, soft, cool, zen, yin. E pasmem, até a seleção natural darwinista vai por esse caminho. Ela, que já foi chamada de “a lei do mais forte”, indicando que os mais fortes normalmente vencem a luta pela reprodução, talvez passe a se chamar “a lei do mais belo”.

Está uma verdadeira febre a busca das mulheres solteiras européias por reprodutores altos, louros e de olhos azuis para suas “produções independentes”. Ajudados por uma legislação que permite o pleno anonimato do doador, as clínicas de fertilização e bancos de sêmen dinamarqueses não param de crescer. As clientes acessam o perfil do doador na Internet e, mediante uma taxa, fazem o download de uma foto dele bebê. É irresistível. Há clínicas que chegam a fazer 17 inseminações por dia.

A continuar assim, os genes nórdicos vão se espalhar como nunca pelo mundo.


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quarta-feira, 11 de maio de 2011

RICO GOSTA DE RICO E...

pobre de pobre. Em experiência do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, pessoas com diferentes níveis sociais ― com cérebros monitorados para medir a atividade elétrica na região associada ao prazer (striatum ventral) ― receberam informações sobre outras pessoas. O resultado não surpreendeu: os striata ventrais dos cérebros dos voluntários ficavam mais estimulados com informações sobre indivíduos percebidos como de status semelhantes a si próprios.


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sábado, 30 de abril de 2011

WILLIAM E KATE: POR QUE AGORA?

O príncipe William e Kate Middleton vivem juntos há anos*, por que resolveram se casar? Para terem filhos.

Em 2009, comentei sobre a atual dificuldade de se definir as relações estáveis dos casais: há quem more junto e se diga namorado e quem não coabite e se declare casado. Na postagem** sugiro definir-se casamento como o compromisso amoroso entre duas pessoas que têm ou querem ter filhos e namoro como o acordo afetivo que não inclui filhos. A diferença entre casamento e namoro não estaria na durabilidade, qualidade ou intensidade da relação e sim na disposição (ou não) de compartilhar a responsabilidade sobre filhos.

Namorar é um passo, morar junto é outro e constituir família, outro. William e Kate, como fazem muitos plebeus, namoraram um bom tempo morando separados e outro tanto morando juntos até resolverem ter filhos. Mas eles não têm direito de escolher entre casamento consensual e formal, entre simplicidade e luxo, pois, como herdeiros do trono, são obrigados aos protocolos da realeza.


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quarta-feira, 20 de abril de 2011

ESTOU FICANDO VELHO!

© Otto Kalman | Dreamstime.com
Vi em um programa feminino de tevê uma mulher bonita, inteligente e heterossexual dando um depoimento: “A pessoa com quem estou casada...”

No meu tempo, as mulheres “eram casadas” e não “estavam casadas” e denominavam o cônjuge de "meu marido". Simples e claro.

Por que essa mulher contemporânea prefere camuflar o sexo de seu homem atrás do termo "pessoa" como faziam os homossexuais do século passado? Não entendo, estou ficando velho.

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sexta-feira, 15 de abril de 2011

O RESCALDO EMOCIONAL DAS TRAGÉDIAS

O tema foi recolocado na ordem do dia pela tragédia na escola de Realengo no Rio de Janeiro. Quem morre sofre perda absoluta. Mas o que acontece aos parentes e amigos que sobrevivem?

A questão é muito estudada nos EUA porque, além desse tipo de acontecimento ser mais frequente por lá, é um país guerreiro em que famílias perdem jovens em combate.

Embora o sentimento imediato seja de dor irreparável, pesquisas revelam que, decorridos 6 meses, menos de 10% dos envolvidos ainda apresentam distúrbios de estresse pós-traumático (depressão, ansiedade, dificuldade para dormir, etc).

As entrevistas foram gravadas em vídeo para que as contrações involuntárias dos músculos orbiculares (ao redor) dos olhos, conhecidas como expressões de Duchenne, pudessem confirmar se a expressão facial do entrevistado refletia uma emoção real ou apenas conveniência. Isso porque as pessoas costumam exagerar no relato dos sintomas de pesar, até como forma de expressar melhor o amor pelas vítimas.

O fato é que o cérebro humano tem mecanismos para restabelecer seu equilíbrio sempre que o estado emocional suba ou desça demais. Graças a eles, o estresse acaba, mas a lembrança triste e a saudade perduram.

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segunda-feira, 4 de abril de 2011

BANHEIROS FEMININOS

Minha mulher e eu estamos comemorando meu aniversário em Paris. Em viagem, frequenta-se aeroportos, cinemas, teatros, museus, etc. É sempre a mesma coisa, banheiro masculino sem fila e feminino com fila. No mundo todo, banheiros públicos costumam ser do mesmo tamanho para ambos os sexos. É óbvio que, para haver igualdade de direitos, para atender ao mesmo número de pessoas por hora, o banheiro das mulheres deveria ser maior. Nunca vi, nem feministas, reclamarem publicamente.

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quarta-feira, 23 de março de 2011

O SUICÍDIO DAS RELIGIÕES

Pesquisas científicas apontam a tendência da religião extinguir-se em paises ricos.*

Certamente existem razões para a universalização e extinção da religião. Por vir ocorrendo desde tempos ancestrais, o primeiro fenômeno deve ser predominantemente evolutivo. E o segundo, ao menos em parte, atribuído a fatores culturais, pois os países ricos são também os mais escolarizados.

Estariam as instituições de ensino católicas, protestantes e judias do ocidente, famosas pela excelência acadêmica, indiretamente contribuindo para a extinção das religiões?

Foto: Castelo de Arenberg no campus da Universidade Católica de Leuven, Bélgica.

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