segunda-feira, 9 de março de 2009

ESTUPRO DE CRIANÇAS É DRAMA DIÁRIO*

A reportagem ― motivada pelo caso dramático de uma criança de 9 anos que, estuprada pelo padrasto, engravidou de gêmeos e foi submetida a um aborto legal ― relata que por ano no Brasil ocorrem cerca de 150 mil casos de abuso sexual doméstico (quando a violência é praticada por pessoas íntimas da vítima). O problema é complexo, admitindo várias abordagens, mas acredito que o número de vítimas cairia drasticamente se a população tivesse uma visão mais realista da natureza humana.

A idéia geral que se tem do estuprador de uma criança indefesa é a de que ele é um psicopata, um monstro. Não necessariamente. Enquanto as mães acreditarem que somente facínoras serão capazes de molestar suas filhas, como enxergar risco no convívio delas com o próprio marido, um tio ou amigo, homens com família, trabalho, etc? O estupro e a pedofilia com crianças já em idade fértil são instintos masculinos naturais. O fato de serem repudiados pela civilização não significa que, por força de lei, tenham sido erradicados do genoma humano. A verdade que a sociedade hesita admitir é que as jovenzinhas e o estupro também são excitantes para o homem socialmente produtivo, dito normal. Se parássemos de nos enxergar como o que gostaríamos de ser e aceitássemos melhor o que somos, naturalmente bem mais próximos do animal que do sublime, as mães seriam mais atentas aos mínimos sinais de erotização entre suas filhas pequenas e os adultos que as cercam, principalmente se estes consumirem drogas como o álcool que diminuem o autocontrole.

A explicação científica para comportamentos hediondos deve ser usada para nortear ações preventivas e, de forma alguma, para justificá-los ou abrandar suas penas; o respeito aos direitos humanos é um bem valioso demais para ser negligenciado.

(*) Manchete de 1ª página do jornal O Globo de hoje.

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