quarta-feira, 23 de março de 2011

O SUICÍDIO DAS RELIGIÕES

Pesquisas científicas apontam a tendência da religião extinguir-se em paises ricos.*

Certamente existem razões para a universalização e extinção da religião. Por vir ocorrendo desde tempos ancestrais, o primeiro fenômeno deve ser predominantemente evolutivo. E o segundo, ao menos em parte, atribuído a fatores culturais, pois os países ricos são também os mais escolarizados.

Estariam as instituições de ensino católicas, protestantes e judias do ocidente, famosas pela excelência acadêmica, indiretamente contribuindo para a extinção das religiões?

Foto: Castelo de Arenberg no campus da Universidade Católica de Leuven, Bélgica.

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sábado, 12 de março de 2011

PREMONIÇÃO EXISTE

As leis físicas exigem que as causas antecedam seus efeitos. Você solta uma bola e ela cai, a bola jamais cairá antes de ser solta. Você dá uma topada e seu dedão dói, fica roxo e a unha cai. Já pensou que loucura se sua unha caísse prenunciando uma topada que ainda está por acontecer. Como os médicos tratariam pacientes sadios que apresentassem sintomas ― dores, sangramentos, etc ― de doenças ou acidentes futuros? E como o borracheiro consertaria um pneu perfeito que esvaziou devido a um furo que ainda não ocorreu? Ainda bem que o mundo é como é, primeiro as causas, depois seus efeitos!

A premoniçãoespontânea ou auxiliada por bola de cristal, cartas ou búzios pressupõe que um acontecimento futuro tenha efeito no presente, incutindo idéias na mente humana, projetando imagens na bola de cristal ou estabelecendo ordens específicas em cartas ou búzios. E, como vimos acima, o mundo em que isso fosse possível seria um caos.

A Premonição Existe é o título da principal reportagem da revista IstoÉ desta semana. Ela nos conta que um psicólogo americano teria encontrado bons indícios da existência da premonição:

1) o computador exibia um par de fotos e, em seguida, escolhia uma. Cabia a 100 estudantes prever a escolhida. O índice médio de acerto foi de 53,1%. Não vejo indício de premonição. Em condições ideais, o resultado estatisticamente esperado seria 50%. Sem a informação de quantos pares de fotos foram exibidos, que a reportagem não revela, parece-me razoável o desvio de 3,1%.

2) o computador exibia fotos em sequência e 100 estudantes tinham que prever se a próxima seria ou não erótica. Novamente, acertaram em média 53,1% das vezes. A reportagem não revela que porcentagem das fotos era erótica. Sem este dado, fica impossível qualquer conclusão, pois o índice de acerto estatisticamente esperado é função das quantidades de cada tipo de foto. Supondo-se que metade era erótica e metade não, recaímos num caso análogo ao anterior: resultado idealmente esperado de 50% com 3,1% de desvio, sem indício de premonição.

A reportagem também recorre ao darwinismo, interpretando-o a sua maneira: “percepções extrassensoriais são fruto do processo evolutivo no qual antever situações de perigo ou propícias à reprodução se tornam vantajosas ferramentas de sobrevivência”. O ser humano, de fato, desenvolveu uma mente capaz de avaliar as potencialidades positivas e negativas das situações percebidas por seus sentidos. Porém, supor que tal capacidade seria complementada por percepções extrassensoriais é pura especulação.

Por fim, cita como premonição casos de pessoas que temeram desastres de avião ou automóvel que vieram a ocorrer. Oras, milhares de pessoas se preocupam com parentes e amigos que viajam! Na maioria das vezes, tudo corre bem e a preocupação é naturalmente esquecida. Mas, havendo acidente, o que era uma apreensão normal pode ser indevidamente interpretada como premonição.

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domingo, 6 de março de 2011

SELEÇÃO SEXUAL

© Bobby Deal | Dreamstime.com
“Eu quero que você vá fazer é um doutorado.” (Pai para filho de 21 anos, ao ouvir que ele ia fazer uma tatuagem.) *

A evolução das espécies baseia-se na Seleção Natural, de que é parte a Seleção Sexual, que apregoa ser preciso atrair parceiros para se reproduzir. E para atraí-los, sem emprego da força bruta, há que se sobressair.

Para tal, há o caminho árduo da excelência ― como fazer doutorado, praticar um esporte à exaustão, dedicar-se excepcionalmente à carreira profissional ― e o caminho fácil da extravagância ― como tatuar-se, furar-se de piercing, etc.

O problema do caminho fácil é que, por ser fácil, logo, logo, um mundaréu de gente o segue e ninguém mais se diferencia, fica vulgar. Quem percorrer os canais de tevê por assinatura na madrugada vai ver que (quase) todas as peladas do entretenimento erótico são tatuadas.

É válido diferenciar-se do jeito fácil, mas é inteligente usar um expediente reversível que dê para se desfazer quando a moda começar a se vulgarizar.

(*) Contribuição de Edson Pitty para a coluna Entreouvido por aí da Revista O Globo deste domingo.


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