segunda-feira, 31 de outubro de 2011

LEI SECA


A revista Veja desta semana, pág. 76-81, publica reportagem sobre o fracasso da Lei Seca: “O número de pessoas que morrem nas ruas e estradas nunca foi tão alto”.

O problema da Lei Seca, a meu ver, é que ela pune o infrator sem, contudo, ser eficaz na proteção da sociedade. Segundo a reportagem, “no Rio de Janeiro, por exemplo, desde 2009, 40.000 pessoas se recusaram a soprar o bafômetro”, pois, a punição "não passa de multa de 957 reais, mais 7 pontos na carteira e a perda da habilitação por cinco dias.” A lei espera o motorista alcoolizado causar dano para encarcerá-lo. Estaria correto, se o objetivo fosse exclusivamente punir o infrator: pena leve para quem apenas bebeu e pesada para quem causou lesão ou morte.

Mas para proteger a sociedade, é sempre melhor prevenir que remediar. Baseado no princípio constitucional de que ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si, o motorista tem direito de recusar-se a fazer o teste do bafômetro. Perfeito! Mas, ao exercer tal direito, em vez de receber uma multa, deveria perder a liberdade de dirigir. Por exemplo: durante um ano na primeira infração, cinco na reincidência e, na terceira vez, perderia definitivamente a carteira de motorista. E o sujeito pego dirigindo com a habilitação legal suspensa ou caçada seria preso em flagrante.

Clama-se por cadeia depois que o pior já aconteceu, mas pouco se fala em cerceamento preventivo de liberdade para evitar o pior. Aparentemente, nosso instinto de vingança é mais forte que a razão (veja mais em: http://datrabalhoserfeliz.blogspot.com/2011/09/vinganca-e-justica.html).

Foto: © Simonekesh | Dreamstime.com
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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

MERCADO DE TRABALHO: BELEZA ATRAPALHA?


Pesquisadores enviaram currículos para concorrer a milhares de vagas de emprego. Currículos idênticos eram apresentados, ora sem foto, ora com a foto de uma mulher comum, ora com a foto de uma mulher atraente. Dentre os currículos sem foto, 16,6% foram selecionados para entrevista. Dentre os com fotos de mulheres comuns, 13,6%. Dentre os currículos “de beldades”, apenas 12,8%. A mesma pesquisa, feita com homens, resultou mais de acordo com o esperado: os “atraentes” foram mais escolhidos, 19,7%; sem foto, 13,7% e os “comuns”, 9,2%.(*)

A julgar por esses resultados, a beleza facilitaria a vida dos homens, mas dificultaria a das mulheres.

De acordo com o evolucionismo, intuitivamente, percebemos a beleza como indício de boa saúde. E saúde é essencial para o trabalho, não faria sentido os empregadores descartarem justamente as candidatas que percebem como mais saudáveis.

A imprensa não costuma ser rigorosa na apresentação de pesquisas científicas. Todavia, dadas as informações divulgadas, eu diria que o estudo foi conduzido por cientistas do sexo masculino ― senão todos, a maioria ― e que o vício da pesquisa estaria na escolha das pessoas atraentes.

Os pesquisadores (homens) escolheram as mulheres que lhes eram atraentes. E os empregadores excluíram do processo seletivo aquelas que consideraram excessivamente sensuais e que poderiam desvirtuar os ambientes de trabalho. Na escolha dos homens bonitos, o critério certamente foi diferente, pois nenhum pesquisador-homem escolheria homens sensuais. Se os pesquisadores fossem orientados a escolher fotos de mulheres atrativas “com quem pudessem se imaginar casados”, eles próprios teriam excluído as de aparência notadamente libidinosa e, provavelmente, a beleza se revelaria mais valiosa para as mulheres que para os homens (a porcentagem de mulheres bonitas escolhidas seria ainda maior que a de homens).

As duas moças acima são atraentes, mas se as fotos estivessem encabeçando currículos equivalentes, para maioria das vagas oferecidas pelo mercado de trabalho, o currículo da direita seria escolhido e o da esquerda descartado.

Mulher bonita, você não precisa esconder sua beleza, basta saber mostrá-la de acordo com o objetivo.

(*) Fonte: Revista Claudia, Setembro de 2011, pág. 140.
Fotos, esquerda e direita, respectivamente: © Kirk655321 | Dreamstime.com e © Anytka80 | Dreamstime.com

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

POR QUE SÓ ACONTECE COM AS MULHERES?

A propósito das reportagens sobre a vinda do Justin Bieber ao Brasil que mostraram adolescentes histéricas, cada qual se declarando mais apaixonada que as outras, uma amiga inteligente observou que de Elvis aos dias atuais a histeria por ídolos é um fenômeno exclusivamente feminino. Por quê?

Deve haver explicação evolucionista(1) para a questão. Eu proponho a seguinte:

Estudos recentes sobre variedade genética mostram que o ser humano moderno descende de uma enorme quantidade de mulheres e de (relativamente) poucos homens. Para isso acontecer, alguns homens primitivos deviam ter muitas mulheres e outros nenhuma, como acontece nas comunidades de gorilas, leões, hipopótamos, etc., onde cada grupo tem um macho dominante, senhor de todas as fêmeas(2). A foto(3) acima flagrou cena comum na natureza: um único macho (com chifre) e suas várias fêmeas.

Portanto, se apaixonar (por um macho-alfa) e compartilhar o objeto da paixão é próprio da natureza feminina e não da masculina. A mídia globalizada apenas amplia o fenômeno em número, abrangência geográfica e teatralidade.

1. Como existe, por exemplo, explicação para a paixão pelo futebol:  http://datrabalhoserfeliz.blogspot.com/2009/12/final-do-campeonato-brasileiro-reedicao.html
2. Dá Trabalho Ser Feliz, Mas Vale a Pena, ed. Sextante, 2007, pág. 82.
3. Bati essa foto em visita à África do Sul em 2010.

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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A CIVILIZAÇÃO FAVORECE A MULHER


Como os homens, em média, ainda têm mais dinheiro e poder que as mulheres somos tentados a acreditar que a sociedade os privilegie. Errado, a civilização ocidental favorece a mulher contrapondo-se à predileção da mãe natureza pelo homem.

A Lei maior da natureza é a lei do mais forte. Ao fazer o homem mais forte que a mulher, a natureza deu a ele o domínio sobre ela.

Coibindo a violência, a civilização revoga o direito natural* do homem de fazer valer sua vontade pela força.

Ao atribuir encargos desiguais na reprodução mamífera, a natureza condenou as mulheres ao sexo responsável e deu liberdade sexual aos homens.

E a civilização desenvolveu métodos contraceptivos que libertam as mulheres do ônus da maternidade indesejada e criou leis de responsabilidade civil que caçam o direito natural* do homem de fazer sexo sem compromisso (com as possíveis consequências).

* No sentido estrito do termo.


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