quarta-feira, 27 de maio de 2009

OS OPOSTOS SE ATRAEM

Todos concordam que os animais se acasalam movidos por impulsos biológicos de preservação da espécie, mas muitos acreditam que o amor entre homem e mulher é de qualidade diferente, inexplicável e sublime.

Artigo publicado ontem no jornal “O Globo”, com o título acima, informa que “Na hora de selecionar o par ideal, as pessoas escolhem, de forma inconsciente, aquelas cujas constituições genéticas não são semelhantes às suas, numa estratégia evolucionária para garantir uma reprodução saudável.” Um estudo feito por pesquisadores brasileiros e apresentado na conferência anual da Sociedade Européia de Genética Humana mostra que os casais têm uma diversidade genética muito maior na região de DNA denominada complexo principal de histocompatibilidade do que pares de homens e mulheres pegos ao acaso. O que vem asseverar que o amor humano também obedece às leis biológicas de Darwin.

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O MITO DO BOM SELVAGEM

Muito se acreditou, e se acredita, que o natural do ser humano seria viver em paz e harmonia. Paz e harmonia que a civilização teria destruído ao criar armas de grande poder letal e promover a competitividade e o consumismo desenfreados. Errado.

O psicólogo de Harvard Steven Pinker argumenta que ― ao contrário do que muitos cientistas já acreditaram ― os níveis de violência são muito menores em nossa era do que foram antes do advento do estado moderno há 10.000 anos atrás. De acordo com pesquisas etnográficas e evidências arqueológicas, 30% ou mais dos membros das sociedades tribais morreram como resultado de violência grupal; porcentagem aproximadamente 10 vezes maior que a proporção de europeus e americanos mortos por causas relacionadas à guerra durante o cataclísmico Século XX.*

(*) Extraído e resumido de artigo de John Horgan, diretor do Center for Science Writings do Stevens Institute of Technology publicado na edição de Maio de 2009 da Scientific American, pág 9.

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segunda-feira, 18 de maio de 2009

O BRIGADEIRO (exemplo à postagem anterior)

© Celso Pupo rodrigues | Dreamstime.com

Ocasiões para exercitar virtudes surgem em família, com amigos, no trabalho, a toda hora e em qualquer lugar. Fique atento e lembre-se de que quando existe afeto fica mais fácil ser virtuoso.


  • Aos 52 anos de idade, por compaixão, fiz meu primeiro tabuleiro de brigadeiros. Fiquei orgulhoso com o sucesso da empreitada.
Estava tendo uma noite só para mim: minha mulher havia saído para jantar com antigas amigas do colégio, meu filho ia dormir na casa de um amiguinho e minha filha fazia não sei o que em seu quarto no mais absoluto silêncio. Sozinho no sótão, me divertia assistindo a um jogo transmitido ao vivo de alguma parte do mundo: tênis, basquete, futebol americano, não me lembro, qualquer esporte me distrai.
Lá pelas 11 da noite, minha filha adentra o sótão com fisionomia transtornada, esforçando-se para não chorar.
– Pai, amanhã é a festa da minha turma no colégio! Fiquei de levar os brigadeiros e me esqueci de falar com a mamãe.
Era a despedida pelo fim do ano letivo e cada aluno se responsabilizara por levar alguma coisa. Confesso que na hora não captei a gravidade da situação e ri achando graça de ela se desesperar por “tão pouco”.
– Pai! Você ri? Está todo mundo contando comigo, não sei o que vou fazer.
Nesse momento percebi que Clarisse, então com 9 anos de idade, sofria com a perspectiva de frustrar a confiança de colegas e professores.
  • Entender a dor do outro é a primeira parte da compaixão. A outra é se interessar pela solução como se o problema fosse seu.
– A que horas começa a festa? – perguntei, para ver se daria tempo de comprar os brigadeiros no dia seguinte, numa lojinha de doces próxima.
– Às 8 da manhã.
Ri novamente, desta vez da enrascada em que nós dois estávamos metidos. Felizmente, após um instante de reflexão, encontrei a saída.
– Você conhece meu lema: “Nada tema, com Flávio Franklin não há problema.” Ligue o computador, entre na internet e procure pela palavra “brigadeiro”. Há de vir alguma receita. Encontre uma bem simples, que eu vou ajudar você.
– Pai, achei! Vou imprimir — disse momentos depois, excitada pela idéia de fazer uma farrinha com o pai.
Fomos juntos para a cozinha, felizmente tinha tudo na despensa, até as forminhas apropriadas. Para fazer bastante brigadeiro, dobramos as quantidades da receita. Misturamos os ingredientes numa panela e ficamos mexendo durante o tempo recomendado. Em seguida, colocamos para esfriar para poder fazer as bolinhas. Acho que deveríamos ter aumentado também o tempo de cozimento, porque, ao esfriar, o doce continuou mole.
– Ih, pai! Deu errado.
– Nada tema, com Flávio Franklin não há problema. Vamos recolocar o brigadeiro na panela e deixar ferver mais uns 15 minutos.
Acostumada a dormir cedo, minha filha estava caindo de sono, mas continuava firme a meu lado, pronta para colaborar. Mandei-a ir para a cama sem se preocupar, pois o problema já estava “resolvido”, agora era apenas uma questão de tempo.
À uma hora da manhã, quando minha mulher chegou em casa, me encontrou orgulhoso ao lado de um grande tabuleiro de brigadeiros. Uma beleza!
No dia seguinte, de volta da escola, Clarisse me telefonou animada:
– Pai, os brigadeiros foram um sucesso! Quando cheguei, comi um para ver se estava bom, achei uma delícia. Quando fui comer outro, já não tinha mais. Não sobrou unzinho “para contar a história”.
  • Esse depoimento mostra que as virtudes podem ser exercitadas nas situações mais corriqueiras. E ensinadas pelo exemplo.
Reprodução das págs. 163 a 165 de “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”.

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terça-feira, 12 de maio de 2009

OTIMISMO E FELICIDADE

Parece haver uma estreita correlação entre otimismo e felicidade: o otimista sente-se feliz e quem está feliz fica otimista. E para participar desse “círculo VIRTUOSO” basta tirar proveito do darwinismo.

A função da felicidade na natureza humana é a mesma do prazer: perpetuar a espécie. A diferença é que a felicidade premia investimentos de longo prazo como o exercício do amor e das virtudes, enquanto o prazer recompensa atos imediatos como comer e fazer sexo. (...)

Algumas pessoas são claramente mais propensas à felicidade do que outras provavelmente, aquelas que têm o tal gene do otimismo (veja postagem anterior) , mas o que me deixa animado é saber que todos podemos ser mais felizes. Dá trabalho, mas vale a pena tentar.

Um bom estado geral de saúde é o primeiro passo. Faz bem cultivar hábitos saudáveis (...) Finalmente, como a natureza criou a felicidade para premiar o amor e as virtudes, podemos ser mais felizes exercitando nossas virtudes. (...) concentre-se nas virtudes de sua maior aptidão, não mais do que quatro ou cinco, e procure exercitá-las sempre que possível.*

Virtude se exercita cotidianamente no trabalho, em família ou com amigos, não é preciso ser santo, nem herói. Na próxima semana, dou um exemplo.

(*) Pág. 126 de “Dá Trabalho ser feliz, mas vale a pena”.

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quarta-feira, 6 de maio de 2009

GENE DO OTIMISMO! DÁ PARA IMPLANTAR?

A Revista Veja desta semana traz uma reportagem contando que pesquisadores ingleses e brasileiros teriam identificado, em estudos independentes, "o gene do otimismo", responsável pelo transporte da serotonina, neurotransmissor associado a sensações de bem-estar e felicidade. Quem possui determinada variante desse gene seria mais otimista. A reportagem acrescenta que estudos preliminares indicam que 40% da população brasileira tem essa variante do gene contra apenas 16% dos ingleses. Parece-me natural que as populações descendentes de imigrantes sejam realmente mais otimistas, pois o imigrante é necessariamente um otimista. Tem que acreditar muito na fortuna para se mudar para uma terra estranha, com muito pouco dinheiro, sem a proteção social de parentes e amigos, sem entender a língua local como os italianos, alemães, japoneses, árabes, etc que vieram para o Brasil e, ainda assim, acreditar que a vida vai melhorar.

É uma descoberta curiosa, mas enquanto não existe uma terapia genética capaz de implantar o gene do otimismo em quem não o possua, o que a ciência teria a nos aconselhar? A revista não diz, mas eu digo em “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”. Aqui, falo sobre o assunto na próxima semana.

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