segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

PAIS ADOTIVOS DEVOLVEM CRIANÇAS AOS ABRIGOS

Notícia do jornal “O Estado de São Paulo” de 27/12/2008 à pág. A10 diz que “por mais que não haja estatísticas oficiais, acontece com freqüência maior do que se imagina” a devolução de crianças durante o processo de adoção e até após a adoção ser efetivada, quando, em tese, seria irrevogável. Todos os casos relatados são de crianças com idades superiores a 5 anos. Especialistas no assunto, citados pelo jornal, atribuem o fenômeno ao despreparo emocional dos pais adotivos que esperam filhos dóceis e profundamente agradecidos e recebem crianças que exigem mais do que eles podem dar.

Na realidade, os pais adotivos também são vítimas de um processo que ignora os fundamentos mais elementares de nossa natureza. O filhote da espécie humana é, dentre todos os animais, o que mais demanda cuidados para sobreviver. O amor dos pais pelos filhos é uma necessidade instintiva da espécie humana. E o que caracteriza esse amor? Muito dar e pouco receber. O bebê não fala, não ri, mal se mexe e tem que ser alimentado e protegido, exaustivamente, dia e noite. A criança demanda cuidados enormes que considera obrigação dos pais e, nem ao menos, se sente grata pela dedicação que recebe. O adolescente é rebelde e vê os pais como uns perfeitos idiotas, o que é normal, pois faz parte do processo de construção de sua identidade. Em troca, os pais recebem um sentimento de felicidade, instintivo, quase inexplicável. Em que momento nasce e se desenvolve esse amor, sem o qual é quase impossível criar um filho? Não é no momento da concepção, nem na gestação, pois, se fosse, os bebês trocados na maternidade não seriam amados. Esse amor se constrói pela criação, desde o primeiro momento: a partir do instante em que um bebê nasce ou é adotado começa a se formar o amor dos pais, amor que já estará consolidado quando a criança estiver na idade de fazer maiores traquinagens ou ingratidões. Sem esse amor, tais atitudes serão insuportáveis.

Alguns juízes da infância e juventude têm por norma fazer o possível para que a criança fique com os pais biológicos, ou apenas com a mãe se o pai se escafedeu, como se o parentesco biológico tivesse um valor intrínseco pelo qual vale a pena sacrificar a criança. Quando, finalmente, desiste, vários anos se passaram e ela já está muito grande e traumatizada para conseguir uma adoção de qualidade.

Em nenhum momento, o artigo falou do amor como elemento essencial para criação dos filhos, a palavra “amor” nem aparece. Enquanto a questão da adoção não for repensada à luz da psicologia evolucionista, respeitando os sentimentos naturais da espécie humana, muitas crianças serão devolvidas aos abrigos ou, então, condenadas a viver numa família unida pela irrevogabilidade da sentença judicial de adoção e não pelo vínculo do amor.

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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

FELIZ NATAL...

e próspero Ano Novo é o que desejo para meus leitores e, com especial carinho, para os comentaristas deste blog.

Nos festejos que comemoram o nascimento de Jesus, o que um blog dedicado ao evolucionismo agnóstico poderia dizer? Cristo pregou a escolha do Bem, sem negar a existência do Mal. O darwinismo reconhece que a natureza humana nos faz egoístas e generosos, violentos e doces, adversários e aliados do sexo oposto e nos dá uma importante ferramenta para a escolha do Bem: o conhecimento das artimanhas de nossa natureza animal. É o que pretendo difundir.

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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

AUTO-ENGANO

Para compensar nossa inteligência sofisticada capaz de eleger prioridades diferentes da simples sobrevivência e reprodução, a natureza humana criou o AUTO-ENGANO, isto é, a facilidade de nos enganarmos para comer ou procriar mais: “Vou abrir este pacote de biscoitos, mas vou comer só um” ou ”Esqueceu a camisinha? Não tem problema, acho que não estou no período fértil”.

O auto-engano do momento é identificar saudável com poucas calorias. Basta o alimento trazer o rótulo de “orgânico”, “sem gorduras trans” ou “light” para pessoa se fartar, considerando que tem menos calorias do que realmente tem. A pizza da foto, por exemplo, tem massa grossa, é calórica, mas sua cobertura saudável nos deixa à vontade para comer e repetir. Como os americanos são craques no cálculo de calorias, o New York Times fez uma brincadeira, apresentou uma refeição de 934 calorias para 20 pessoas. Em média, elas estimaram que tinha 1.011 calorias, 77 a mais. Para um grupo semelhante de avaliadores, apresentaram a mesma refeição acrescida de um biscoito de 100 calorias com "sem gordura trans" estampado em destaque no rótulo. A refeição ficou com 1034 calorias, mas as pessoas estimaram em 835, 199 a menos do que a quantia correta e menos 176 do que antes da inclusão dos biscoitos saudáveis. Para maiores detalhes leia:

http://www.nytimes.com/2008/12/02/science/02tier.html?_r=1&ref=health

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A FELICIDADE É ALTAMENTE CONTAGIOSA

A felicidade do amigo do amigo do amigo aumenta sua felicidade. Não basta ter notícias dele, mesmo sem conversarem, você precisa vê-lo para se influenciar. No entanto, o contato social ou de trabalho com pessoas felizes, mas sem vínculo afetivo, não tem o mesmo efeito. E a tristeza é menos contagiosa. Você não será contaminado pela tristeza do amigo do amigo de seu amigo se o vir. A seleção natural, ao que parece, nos fez mais receptivos ao bom-humor. É o que noticia o New York Times de hoje sobre um estudo do Dr. Nicholas A. Christakis da Harvard Medical School. Para maiores detalhes leia:
http://www.nytimes.com/2008/12/05/health/05happy-web.html?_r=1&ref=health

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terça-feira, 25 de novembro de 2008

ELIMINANDO MODERNIDADES

O progresso aumenta a disponibilidade de alimento e de conforto incentivando o indivíduo a ingerir mais e gastar menos calorias. Para combater esse duplo estímulo à obesidade, recomendo¹ eliminar modernidades². Não é suficiente, mas ajuda.
Além de tomar banho frio e não adoçar bebidas com açúcar³, eliminei outras modernidades de meu cotidiano. Praticamente, não uso o elevador para subir até quatro andares ou descer seis — como moro numa casa de três pavimentos e meu escritório fica no quarto andar de um edifício, uso bastante as escadas; no trabalho, vou às salas e falo pessoalmente em vez de usar o ramal telefônico, é simpático e exercita; com clima agradável, faço pequenos deslocamentos a pé; antes de tomar um táxi, caminho um trecho; quando meus filhos eram menores, evitava a tevê e o computador, corria atrás deles, jogava-os para o alto – com o devido cuidado –, eles adoravam e eu me movimentava.
  1. No livro Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena.
  2. Toda regra tem exceções, algumas modernidades ajudam a emagrecer, como o game Wii que obriga os participantes a fazerem os movimentos corporais dos vários jogos em vez de apenas utilizar botões ou joysticks e, óbvio, os produtos diet.
  3. O uso atual do açúcar também é uma “modernidade”. Antes da época dos descobrimentos, o açúcar era uma especiaria usada apenas como tempero, assim como o sal e a pimenta. Os doces e o hábito de adoçar bebidas se popularizaram depois que o advento do engenho, dentre outras tecnologias, aumentou a oferta de açúcar.

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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

BANHO FRIO TAMBÉM EMAGRECE!

© Sonyae / Dreamstime.com
Na postagem anterior dei um exemplo, mas existe uma infinidade de bons hábitos para nos fazer ingerir menos ou gastar mais calorias. Tomar banho frio consome algumas calorias por dia que, ao longo do ano, fazem diferença. “Certa vez vi na televisão um piloto, ex-campeão de Fórmula-1, falando sobre sua dieta. Antes de contar o que comia no café da manhã, disse: ‘para manter o peso ideal, começo o dia tomando um banho frio...’.”

Atendendo a Maria Angélica, a mais fiel comentarista deste blog, detalharei melhor o assunto: Grande parte das calorias que consumimos é utilizada para manter nosso corpo aquecido. A grosso modo, 1 caloria é a quantidade de energia necessária para elevar em 1° centígrado 1 grama de água, imagine quantas não são necessárias para manter a 36,5° um corpo de, digamos, 70 Kg (70.000 g). Sendo boa condutora térmica, a água resfria nosso corpo, obrigando-o a se aquecer “queimando” calorias.
A condutibilidade térmica é uma propriedade interessante: descalço num dia de inverno, você vai achar o piso de ladrilho da cozinha mais frio que o tapete da sala — embora estejam exatamente na mesma temperatura — porque aquele é melhor condutor térmico que este e, portanto, “rouba” mais calor do pé.

O texto entre aspas foi extraído do livro “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”.

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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

"AGUA MOLE EM PEDRA DURA...

© Sash77 / Dreamstime.com
tanto bate até que fura." Esse ditado sintetiza bem a força da repetição. Quem não suporta amargo nem adoçante, pouco a pouco, engorda muito.
Quando o adoçante artificial não era tão comum, fui designado para um novo local de trabalho. À nossa disposição ficavam duas garrafas térmicas de café, uma com muito açúcar e a outra sem. A maioria dos colegas misturava um pouco de cada garrafa, enquanto outros, como eu, se adaptaram ao café sem açúcar.
Atualmente muitos apreciam café amargo, mas há 25 anos era uma certa excentricidade. Eu, um jovem comum, casado, trabalhador, “careta”, comecei a gostar de ser considerado excêntrico. Radicalizei. Deixei de usar açúcar ou adoçante em todas as bebidas: café, café com leite, suco de fruta, caipirinha, qualquer coisa.
Com o tempo, eduquei meu paladar ao sabor natural das bebidas. Quando inadvertidamente tomo um gole de café com açúcar, consigo distinguir o sabor da cana misturado ao do café e, para mim, não combinam.
Resolvi fazer as contas de quantas colheres de açúcar deixei de consumir. Tomo uma xícara de café com leite (uma) e um copo de suco de fruta (duas) no desjejum e, no escritório, uns três cafezinhos (uma em cada). Só aí deixo de ingerir seis colheres de açúcar por dia. Multiplicando por 365, chega-se a mais de 2 mil em um ano ou 50 mil nos 25 anos em que cultivo esse hábito. Como uma colher rasa de chá de açúcar tem 5g, 50 mil colheres equivalem a 250kg. Ter deixado de ingerir 250kg de açúcar, certamente, fez alguma diferença no meu peso.

Texto extraído, com adaptações, do livro “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”.

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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

CAMILLE PAGLIA

© Scott Maxwell / Dreamstime.com

Até parece que minha postagem “ATENÇÃO MOÇAS!” de 1° de outubro pautou a entrevista da consagrada feminista para revista CLAUDIA de novembro, sob o título “ELA TEM RAZÃO”:

“Claudia: Atualmente você se tem debruçado sobre a questão maternidade versus carreira. Por que esse dilema chamou sua atenção? Camille Paglia: A líder feminista Gloria Steinem, que não tem filhos, disse que as mulheres poderiam “ter tudo”: uma carreira de sucesso e, mais tarde, filhos, se assim desejassem. Mas suas seguidoras se esqueceram da natureza e ignoraram a ciência. A fertilidade da mulher é alta na juventude. Mas começa a apresentar problemas com o passar do tempo, notadamente por volta dos 35 anos. Além disso, tanto a mãe quanto o pai têm mais energia para cuidar das crianças quando jovens. O problema vem da natureza, e não da sociedade: biologicamente, a principal sobrecarga ao dar à luz um bebê recai nas mulheres — durante a gravidez, amamentação e nos primeiros anos de infância. Ou seja, essa opção deveria ser explicitamente discutida no processo de educação das mulheres. As jovens deveriam ser instigadas a refletir sobre que tipo de vida gostariam de levar aos 20, 30 e 40 anos. No momento, nas universidades de elite americanas, jovens talentosas são agressivamente pressionadas a construir grandes carreiras profissionais, como se fossem homens. Mas elas têm que ter todas as questões que rodeiam a maternidade postas na mesa. As jovens que querem ter uma família podem tirar um tempo livre no começo de suas carreiras para se dedicar a esse projeto? Elas devem colocar em risco os avanços no trabalho? Nos Estados Unidos há uma série de ensaios e memórias de mulheres bem sucedidas entre os 40 e 50 anos que expressam arrependimento por não terem tido filhos declarando que se sentem agora isoladas e sozinhas. Evidentemente que elas foram atacadas por feministas que dizem que ser mãe ‘full time’ é um desperdício. Mas, sob uma perspectiva espiritual, o sistema de carreira moderno não deveria ser venerado. As pessoas não deveriam ser definidas pelo trabalho. A educação das crianças é um ato criativo e crucial em qualquer civilização.”

PS: Recentemente, Camille Paglia visitou Salvador, adorou a cidade e fez elogios rasgados ao trabalho da Daniela Mercury como cantora e dançarina, que ela considera muito mais amplo e eclético que o da Madona. Vale a pena conferir: http://www.salon.com/opinion/paglia/2008/06/11/hillary/index2.html

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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

MULHER ASPARGO?!

© Mikoo / Dreamstime.com
Já que falei sobre dieta na última postagem, “é bom lembrar que nem sempre o padrão de beleza foi tão sacrificante para a mulher. Divas do cinema imensamente sensuais como Marilyn Monroe não eram magras. E as Vênus e Afrodite retratadas na pintura clássica hoje teriam vergonha de seus corpos balofos. Embora tenhamos aprendido a admirar a magreza, ela não é naturalmente bonita. Magreza denota subnutrição e o que nosso instinto animal vê como belo é a aparência saudável que prenuncia uma boa capacidade reprodutiva. É por isso que as magricelas podem ser elegantíssimas, matar suas amigas de inveja, mas nunca serão consideradas ‘gostosas’ pelos homens.” Já reparou como as boazudas do funk são chamadas de mulher 'melancia’, ‘melão’ e ‘jaca’, nunca de mulher 'aspargo’ ou ‘batata-palito’.

O texto entre aspas foi extraído do livro “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”.

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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

UMA DIETA “DEFINITIVA”

© Florida80 / Dreamstime.com
Li na VEJA desta semana reportagem sobre um livro com uma dieta autodenominada “definitiva”. Todo ano, chegando o verão, aparecem livros de dieta. Seria esse o último?
Antes da invenção da agricultura e da criação animal, a natureza humana desenvolveu a gula, que nos fazia engordar nos momentos de fartura para que pudéssemos sobreviver aos períodos de escassez.
É normal ser guloso. Para se conter, não basta força de vontade, é preciso conhecer os mecanismos que nos fazem engordar. Por exemplo, ao conseguir as calorias que o organismo necessita, o aparelho digestivo fabrica o hormônio PYY que, chegando ao cérebro, vai produzir sensação de saciedade. Isso demora cerca de 30 minutos, período em que continuamos comendo para acumular reservas de gordura corporal. Ou seja, o hábito de comer salada ao final das refeições favorece a decantada elegância dos franceses. Em casa, eles “preparam apenas uma porção de prato principal por pessoa. Por exemplo, para cinco pessoas fazem cinco bifes, cinco porções de arroz, etc. Depois que cada um come sua cota, serve-se salada à vontade. Portanto, enquanto espera pela saciedade, o francês come salada, que tem poucas calorias. Nós brasileiros fazemos o contrário, começamos pela salada e depois, enquanto o PYY não faz efeito, repetimos arroz, feijão, batata... Alimentos que engordam.”

O texto entre aspas foi extraído do livro “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”

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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A ORIGEM DA FELICIDADE

© Andreas Meyer / Dreamstime.com
Nos comentários à postagem “Atenção moças” discutimos se os filhos seriam motivos, principalmente, de tormento ou felicidade. O debate deu-se em tão alto nível que me motivou a reproduzir reflexões sobre a origem da felicidade que fiz em “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”:
Não é de hoje que é bom ser bom. Na época das cavernas, o caçador generoso que doava aos vizinhos a carne excedente de suas caçadas acumulava créditos de gratidão para quando a sorte lhe faltasse. Sendo solidários, esses caçadores e seus familiares tinham mais chances de sobreviver e deixar descendentes.
Assim, passados de pais para filhos, os genes que propiciam as virtudes e o amor chegaram aos dias atuais.
Da natureza animal herdamos o prazer que recompensa atos alimentares e sexuais. Mas, para incentivar comportamentos como o amor e as virtudes, em algum momento da evolução humana surgiu a felicidade. Creio que ela seja um sentimento exclusivamente humano. O animal sente prazer e dor, mas não é feliz ou infeliz, porque lhe falta capacidade mental para avaliar sua qualidade de vida presente, refletir sobre o passado e ter preocupações ou esperanças futuras.
A meu ver, a felicidade é resultado de dois passos evolutivos. O primeiro, dado provavelmente por um ancestral nosso e dos macacos, é a capacidade de sentir desejo e prazer por atitudes de preservação da espécie sem recompensa imediata. Já se observou um chimpanzé arriscar sua vida entrando num lago para salvar um semelhante que se afogava. Algum desejo o motivou e, presume-se, algum prazer o recompensou (“orgulho” pela boa ação?). O segundo passo evolutivo indispensável à felicidade foi dado exclusivamente pelo ser humano ao adquirir a habilidade de memorizar e prever sentimentos.
A felicidade é um estado de espírito que resulta da situação atual, de expectativas futuras e da memória do bem-estar do passado. Embora os requisitos emocionais para a felicidade tenham se estabelecido na Pré-História, os meios materiais para sua popularização vieram apenas com o desenvolvimento tecnológico da modernidade. Na Idade Média, por exemplo, metade das crianças morria antes dos cinco anos de idade e mais de 99% dos adultos eram miseráveis, ignorantes e esfomeados que, sem acesso a saneamento básico e remédios, adoeciam com freqüência. Era uma vida sofrida. Apenas as elites, uma parcela ínfima da população, viviam períodos de felicidade. Mesmo assim, era preciso muita sorte, porque reis e rainhas também não tinham água tratada, esgoto, vacinas, antibióticos, anestésicos, etc.

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terça-feira, 7 de outubro de 2008

BELEZA FEMININA: OLHOS GRANDES

Divulgação
Minha mulher e eu levamos nosso filho de 10 anos à exposição “Corpo humano real e fascinante” que está no Museu Histórico Nacional no Rio de Janeiro. Penso que ele tenha aprendido mais sobre o assunto que em todas as aulas do colégio. Ficou fascinado, uma experiência inesquecível!
Dentre outras, havia a informação de que os olhos atingem seu tamanho definitivo na infância, ao contrário dos outros órgãos. Portanto, crianças e adolescentes têm olhos comparativamente maiores que adultos.
De acordo com a psicologia evolucionista, o que nossa natureza vê como “beleza” são sinais de boa saúde, prenúncio de fertilidade: simetria facial, pele macia, cabelos sedosos, bom corpo, alegria de viver, etc. Além desses dotes todos, beldades como a Juliana Paes ainda têm olhos enormes para acentuar a aparência jovem.

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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

ATENÇÃO MOÇAS!

© Theodor38 / Dreamstime.com
Querem ser financeiramente independentes, profissionais de sucesso e, mais tarde, ter filhos? Cuidado! Não se esqueçam de que vocês não são homens.
Ultimamente, tem saído na mídia estatísticas que parecem ser da “Síntese de Indicadores Sociais 2008” que deve estar por sair. Fui ao portal do IBGE e encontrei apenas a síntese anterior (2006). Mas pelo que já foi publicado, vemos que: aumenta o número de jovens casais sem filhos — provavelmente, por razões econômicas —, aumenta o número de divórcios e, dentre os divorciados, muito mais homens do que mulheres se casam novamente.
Sei que piso em terreno minado, todavia, prossigo.
“Amor e desejo existem para perpetuar a espécie”. “O que nos atrai no sexo oposto são indícios instintivamente percebidos de que o indivíduo pode gerar ou criar os filhos que nossa natureza quer ter.” É por isso que, depois dos quarenta anos, quando a fertilidade da mulher decai abruptamente e a do homem não, é muito mais difícil para a mulher voltar a se casar.
Lembre-se de que “amor e desejo existem para perpetuar a espécie”. “Nossa natureza não conhece o planejamento familiar. Jovens que não procriam geralmente se separam. O amor que os une enfraquece para que tentem se reproduzir com outros parceiros. Eu diria que é arriscado retardar a vinda dos filhos por mais de três ou quatro anos.” “Ter filhos solidifica a união dos casais”.
Moça, se você e seu marido estão apostando em suas carreiras profissionais e postergando a vinda dos filhos, pense bem, quanto mais tempo passar, maior é a probabilidade de você ficar sozinha e vê-lo se casar e ter filhos.

Os textos entre aspas foram extraídos de “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”.

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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

POR QUE GOSTAMOS DE FICÇÃO?

© Mkoudis / Dreamstime.com
Contar histórias é uma tradição antiqüíssima, com registros escritos nas mais variadas línguas arcaicas. Qualquer comportamento que se repita independentemente de época ou cultura, como fazer ficção, provavelmente, tem alguma função evolutiva.
Inventar personagens e enredos é uma forma de equacionar dramas humanos de forma simulada. Assim como os pilotos treinam em simuladores de vôo antes de decolarem aeronaves de verdade, inventamos casos preparando-nos para a eventualidade de ter de enfrentá-los, seja produzindo literatura, teatro, cinema, novelas de tevê... ou fazendo fofoca. A maledicência começa como difamação e acaba descambando para calúnia, porque apenas a ficção é capaz de testar agravantes para além do caso real.

Este texto foi extraído, de forma bastante livre e simplificada, de artigo que está sendo veiculado na edição on-line da Scientific American: “The Secrets of Storytelling: Why We Love a Good Yarn.” http://www.sciam.com/article.cfm?id=the-secrets-of-storytelling

― 012 ―

terça-feira, 9 de setembro de 2008

A GUINADA EM "A FAVORITA"

Dreamstime.com
Em junho comentei neste blog que, aparentemente, a novela A FAVORITA retomava o tema de SENHORA DO DESTINO: a embate entre mãe biológica e adotiva, entre o amor verdadeiro e o falso. Esse tipo de enredo deve-se a crença infundada de que o amor entre pais e filhos decorra dos “laços de sangue” entre eles.
Mas roteiro de A FAVORITA deu uma guinada: a mãe biológica revelou-se malévola e a adotiva uma pessoa pura que, caluniada e execrada por todos, continua amada pela filha.
Esse sentimento da filha está de acordo com a psicologia evolucionista. O amor entre pais e filhos é um sentimento que se desenvolve com o convívio. Depois de anos juntas, vivendo incontáveis situações familiares, é razoável que o amor entre mãe adotiva e filha esteja consolidado a ponto de resistir à calúnia.

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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

CAUSAS GENÉTICAS PARA... PROBLEMAS NO CASAMENTO?

© Kjpargeter / Dreamstime.com
A Agência Reuter noticiou terça-feira passada os resultados de uma pesquisa realizada por cientistas suecos e americanos do “Karolinska Institute” que acompanharam 552 pares de gêmeos suecos e suas esposas. O estudo foi motivado por outro, anterior, que concluíra que uma variante genética, um alelo, era responsável por significativa diferença comportamental em ratos: os que possuíam a variação conhecida como 334 eram promíscuos e os que não a possuíam formavam casais estáveis. Como semelhante variação também ocorre em humanos, os cientistas resolveram estudar seus possíveis efeitos, e apuraram:
1) Os homens com alelo 334 tinham relacionamento marital mais fraco que os sem o alelo.
2) 30% dos homens com alelo 334 não estavam casados contra apenas 17% dos sem o alelo.
3) 34% dos homens com duas cópias do alelo 334 relataram crise matrimonial no último ano de casamento contra apenas 15% dos sem o alelo.

Os cientistas alertam que o assunto requer aprofundamento. Todavia, é mais uma evidência em prol da psicologia evolucionista: se um único alelo pode influenciar o comportamento humano, o que não dizer, por exemplo, da diferença genética entre homens e mulheres?

― 010 ―

domingo, 31 de agosto de 2008

VINGANÇA

© Cameronc / Dreamstime.com

É a reportagem de capa da VEJA desta semana. “A vingança... (inibe) o agressor...de atacar de novo... A natureza, que nos armou com o desejo de vingança, sabiamente implantou em nossos genes...a capacidade de perdoar... (para) interromper espirais de violência provocadas pela vingança.” Mas a reportagem não enfrenta o problema de conciliar essas duas características humanas. Para tal, recorro a meu livro “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”: “(perdoar) liberta de sentimentos rancorosos que servem apenas para aprofundar e prolongar a dor, consumir forças e imobilizar. Perdoar é deixar de odiar, não esquecer... (ou) eximir de punição...” E qual seria a melhor punição (vingança)? Excluir o faltoso do convívio dos bons. Institucionalmente, nos casos mais graves, mandando-o para cadeia. Mas na falta da solução institucional, “a melhor forma de não se prejudicar com pessoas inescrupulosas é não se relacionar com elas: não votar no político corrupto, não comprar do comerciante desonesto, não conviver com o amigo infiel, não trabalhar para o patrão explorador, etc.”

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segunda-feira, 30 de junho de 2008

NOVELA: MITO E PRECONCEITO

© Infinitiblue / Dreamstime.com
Muito do desenrolar da trama de uma novela é decidido pelas reações do público captadas por pesquisas qualitativas ou pela sensibilidade do autor, mas aparentemente a novela A FAVORITA retoma o tema explorado em SENHORA DO DESTINO: A amorosa mãe adotiva revela-se bandida enquanto a mãe biológica prova-se boa. A filha é separada muito nova de sua progenitora, mas ao reencontrá-la é tomada de amor — embora, inicialmente, possa não identificar seu sentimento. Já a perversa e ardilosa mãe adotiva faz de tudo para impedir esse amor que triunfará ao final. E para reforçar o caráter preconceituoso do enredo, a mãe biológica é chamada de “mãe verdadeira” o que, por oposição, deixa a outra no papel de “mãe de mentira”.
Tratar o amor filial como um vínculo genético da criança com quem a gerou é sedutor, mas está totalmente errado. Na realidade, o amor filial é um mecanismo de sobrevivência da espécie humana que se manifesta como uma predisposição para amar a mãe que alimente e proteja.
Além de ser incapaz de fazer os filhos amarem os pais, o vínculo genético também não garante o amor dos pais pelos filhos. Veja esse extrato da pág. 54 do livro “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”: “Conheço uma moça que foi inseminada com material genético de um banco de esperma norte-americano e teve uma filhinha. A menina é uma gracinha. Ainda assim, duvido que o doador do sêmen, que nem sabe que tem uma filha no Brasil, a ame.”

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quarta-feira, 18 de junho de 2008

NOSSA NATUREZA ANIMAL

© Glenjones / Dreamstime.com
Entrei no quarto de meu filho de 9 anos e me sentei a seu lado para assistirmos juntos um pouco de tevê. Em um documentário sobre vida animal ouvi que “um leão copula em média 3.000 vezes para cada filho que chega vivo a 1 ano de idade.”
Esse número “astronômico” de atos sexuais para cada filho sobrevivente reforça o argumento evolucionista que usei em “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena” (pág. 15) para explicar porque nossos sentimentos podem se mostrar inadequados à vida moderna: “O processo evolutivo é extremamente lento. Embora o mundo moderno tenha passado por muitas transformações, gostemos ou não, os sentimentos humanos continuam pré-históricos. É o caso de nosso desejo sexual, exagerado para uma espécie cujos indivíduos têm, em média, apenas dois filhos ao longo de suas vidas, mas adequado para que a taxa de natalidade do mundo primitivo superasse a mortalidade infantil da época.”

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quarta-feira, 11 de junho de 2008

A SÓS, PARA SEMPRE

© Imarin / Dreamstime.com
É o título de reportagem da Veja desta semana que nos conta que “como ocorre em países ricos, muitos casais brasileiros decidem pela vida sem filhos.” O artigo fala do ônus, inclusive financeiro, que os filhos acarretam e acrescenta depoimentos do tipo: “decidi não trazer esses problemas para minha vida”.
Por outro lado, em meu livro “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena” lê-se, à página 53: “assim como a atração entre corpos celestes é regida por leis físicas, a atração entre os sexos obedece a leis biológicas. Uma delas diz que amor e desejo existem para perpetuar a espécie. Lei óbvia, mas de grave conseqüência: quando os filhos não vêm, o amor do casal enfraquece ou morre para libertar os cônjuges da união estéril. Não interessa se por infertilidade ou escolha, não reproduzir é um atentado à preservação da espécie. Por isso é comum as relações sem filhos não resistirem ao tempo.”
A natureza dos casais em idade fértil quer filhos e tem poderosas ferramentas para consegui-los: com o tempo, os jovens mudam de idéia ou se descuidam e engravidam; ou, finalmente, o amor deles enfraquece para que possam encontrar parceiros com quem queiram ter filhos. Se o darwinismo está correto, seria melhor afirmar: A SÓS, POR ENQUANTO.

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sábado, 26 de abril de 2008

O CASO ISABELLA NARDONI

© Raycan / Dreamstime.com
A suspeita de que o assassinato da menina possa ter sido cometido por seu pai ou com a conveniência dele causa indignação e repulsa porque a proteção aos filhos é um instinto básico no ser humano e primordial para a sobrevivência da espécie.
“Toda espécie animal tem suas estratégias reprodutivas. Os filhotes de tartaruga marinha, por exemplo, já nascem prontos para a vida. A fêmea adulta enterra seus ovos na areia da praia e vai embora. Eles são chocados pelo calor do sol, as tartaruguinhas nascem, correm para o mar e se desenvolvem sozinhas, sem qualquer assistência. Ao contrário, filhotes humanos nascem frágeis e precisam de anos de cuidados até conseguirem sobreviver por seus próprios meios.”¹
1. Extraído do livro “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”.

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segunda-feira, 31 de março de 2008

Endorfina por trás da ‘onda’ dos corredores¹

© Dash / Dreamstime.com
“... (essa ‘onda’ é uma) sensação de euforia e êxtase obtida após uma intensa sessão de exercício físico... Para os cientistas a ‘onda’ dos corredores é, na verdade, o resultado de uma série de efeitos químicos atuando no corpo, entre eles a endorfina, considerada o ópio do cérebro... No trabalho, foram examinados os cérebros dos corredores antes e depois do exercício... Os resultados comprovaram que, de fato, a endorfina se acumula no cérebro após o exercício, estabelecendo-se justamente na área responsável pelas emoções.”
Quer uma aplicação prática disso? "Nossa natureza nos fez preguiçosos, por isso é realmente difícil começar a fazer exercícios. Porém, como já disse, o próprio exercício estimula a produção da endorfina que o torna prazeroso. Busque motivação para sair da inércia. Por exemplo, entre para uma boa academia, contrate um treinador que vá a seu encontro ou combine praticar esportes com amigos. Conhece aquele ditado ‘comer e coçar é só começar’? Pois bem, vamos reescrevê-lo: ‘Fazer exercícios, comer e coçar é só começar.’”²

1. Jornal “O Globo” de 30/03/2008, seção Ciência/Saúde, página 44.
2. Transcrito do livro “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”

― 004 ―

segunda-feira, 24 de março de 2008

QUEM DÁ PRESENTES É MAIS FELIZ

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É o título da notícia¹ sobre um estudo conduzido por cientistas canadenses e norte-americanos que concluiu que “Estatisticamente, salários melhores foram relacionados com pequenos ganhos de felicidade. Gastar mais dinheiro em benefício próprio, não (contribui significativamente para nossa felicidade), mas gastar com presentes e doações, sim. E muito.” O resultado do estudo não surpreende, pois o exercício das virtudes — no caso, a generosidade — é sabidamente um grande promotor de felicidade. Esse é o tema exclusivo da terceira parte de “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”. Em seus termos evolucionistas, o livro afirma que “A função da felicidade na natureza humana é a mesma do prazer: perpetuar a espécie. A diferença é que a felicidade premia investimentos de longo prazo como o exercício do amor e das virtudes, enquanto o prazer recompensa atos imediatos como comer e fazer sexo”.

1. Folha de São Paulo, 21/3/08, pág. A17.

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O FILME JUNO MEXE COM A GENTE...

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porque explora o imenso conflito de interesses entre o indivíduo moderno que deseja liberdade e sua natureza animal que, acima de tudo, quer preservar a espécie. E ainda cutuca nosso preconceito social. Os instintos mais fortes de quaisquer seres vivos são os de sobrevivência e reprodução. Na espécie humana eles dão origem a variadas e complexas emoções que, em última instância, nos fazem desejar alimento e sexo e repudiar tudo que coloque a vida em risco. Juno engravida de um colega de escola, como resultado do clássico encontro da liberdade individual dos adolescentes com o interesse reprodutivo de suas naturezas. O aborto é legal no país. Juno vai a uma ONG que faz abortos, pois esta lhe parece ser a solução mais rápida e prática. Porém, defronta-se com o conflito entre seu interesse particular e o instinto animal de preservação da vida (e instintos produzem sentimentos). Enquanto aguarda na sala de espera da ONG, Juno se lembra de que uma colega lhe disse que fetos têm unhas, o que a faz considerá-lo uma “pessoinha”. Perturbada, desiste do aborto, resolve assumir a gravidez e doar o bebê em adoção. A família apóia sua decisão. Na platéia, muitos brasileiros acostumados a encarar com naturalidade quando adolescentes pobres dão seus filhos em adoção, se chocam quando a mocinha de classe média decide fazê-lo. Juno encontra um excelente casal para adoção: bonito, simpático e com boa situação financeira... É um enredo surpreendente, mereceu o Oscar. Para quem tem o livro “Dá trabalho ser feliz”, sugiro reler o capítulo “A construção do amor” para entender melhor o que se passou com o casal. Comente: Ainda que tardia para produzir o efeito positivo relatado na página 54, a decisão final da mulher do casal, na sua opinião, foi acertada? E a de Juno, foi?

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MULHERES MAIS VELHAS QUE SEUS HOMENS

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Um leitor me perguntou como se explicaria o aumento do número de casamentos entre mulheres mais velhas e homens mais novos. Penso que esse fenômeno se deva à crescente entrada das mulheres no mercado de trabalho. Antes, elas queriam se casar assim que terminavam os estudos e agora preferem esperar por um momento profissionalmente mais propício. Algumas não se casam ou não conseguem conservar a união e, quando mais velhas, se dispõem a fazê-lo com jovens socialmente inferiores. Porem, como a razão natural da atração entre os sexos é a reprodução, homens no auge de suas capacidades reprodutivas não costumam se enamorar por mulheres além da idade fértil. As notícias nos informam que essas mulheres ganham, em média, quatro vezes mais do que seus jovens maridos. É um casamento de mútua conveniência, ela consegue sexo e companhia, sem precisar doar-se tanto quanto um homem à sua altura exigiria e ele ganha uma vida material mais confortável. Resta saber o quanto são satisfatórios esses casamentos que contrariam uma regra básica da natureza. Quem leu meu livro sabe que é possível contrariar regras da natureza sem pagar um custo emocional muito alto, mas não é fácil. Dá trabalho ser feliz.

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