quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

CAMUNDONGO CANORO

Muito interessante essa pesquisa japonesa: em vez de fazer experimentos genéticos em busca de alguma característica específica, os pesquisadores do Projeto de Evolução de Camundongos da Universidade de Osaka introduziram uma alteração genética que apenas aumenta a probabilidade de erro de cópia de DNA durante o processo reprodutivo. Erros absolutamente aleatórios, como na natureza. E não é que, dentre inúmeros insucessos reprodutivos por malformação genética, nasceu um camundongo com dotes vocais semelhantes aos das aves canoras!

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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ESTÍMULO & PUNIÇÃO

Os seres vivos são movidos por estímulos e desestímulos que favorecem a sobrevivência da espécie. Assim é a lógica da seleção natural que permite a existência da vida . Embora nem sempre seja fácil identificar-se os propósitos de preservação da espécie nas atitudes humanas, certamente, nós também somos movidos por estímulos e desestímulos.

O que as famílias abastadas devem fazer para educar seus filhos?

Bater não, é politicamente incorreto e, depois da lei da palmada, ilegal. Proibir de sair? Ineficaz, jovens se encontram nos sites de relacionamento social. Inibir o uso do computador, da tevê, do videogame ou de qualquer divertimento específico? Dentre tantos a seu dispor, que diferença faz? Se é difícil punir o mal-feito, que tal estimular o bem-feito? Prometer trocar um equipamento eletrônico de penúltima geração pelo de última? Oferecer mais uma viagem para quem já viaja todas as férias? Seria suficiente para, por exemplo, motivar um filho indolente a estudar?

O jovem moderno não tem consciência do muito que lhe é dado, por mais que os pais tentem lhe mostrar. Seu bem-estar lhe parece absolutamente natural.

Conheço um pai, cujo filho abandonou o ensino médio, que tirou todo supérfluo do jovem. Dinheiro, nem mais um tostão. Cartão de crédito, nem pensar. Proibiu que se comprasse qualquer coisa para ele, inclusive roupas e calçados, enquanto tivesse o que usar por mais puído, gasto ou fora de moda que fosse. Comer, somente em casa. Os pontos de tevê por assinatura, de Internet e o ramal telefônico do quarto foram sumariamente cortados. Proibido de usar os carros da família e sem dinheiro para o transporte coletivo, para sair de casa, só a pé. O rapaz, tinhoso, aguentou seis longos meses nessa vida monástica antes de implorar para voltar ao colégio com juras de empenho absoluto.

É bom viver num mundo cada vez mais abundante, mas é preciso repensar estímulos e punições.

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domingo, 5 de dezembro de 2010

REVISITANDO O PASSADO

Fomos assistir ao musical Hair, sucesso da década de 1970 que fala de hippies. Há 40 anos era uma temática ousada, hoje está velha. Apesar da remontagem esmerada, minha mulher e eu não resistimos à vontade de ir embora no intervalo.

O tóxico da moda era o alucinógeno LSD, droga mística cujo barato era libertar as pessoas de suas mesquinhas realidades para que pudessem flutuar no espaço e ver e se comunicar livremente com o mundo metafísico imaginário.

O movimento hippie morreu, acredito que definitivamente. Os alucinógenos foram combatidos pelas autoridade e caíram em desuso recreativo e científico. Mas, recentemente, voltaram às pesquisas.

É sabido que experiências místicas podem suscitar mudanças duradouras nos indivíduos tornando-os mais benevolentes para consigo e com o próximo mais propensos a aceitar a vida como ela é. Alcoólatras, fumantes e outros consumidores compulsivos reportaram terem vencido seus vícios após serem profundamente afetados por uma experiência mística (genuína, sem drogas).

Agora os cientistas estão querendo descobrir se experiências místicas induzidas por alucinógenos teriam semelhante efeito. Os primeiros resultados não são definitivos, mas apontam nesse sentido. Pacientes terminais de câncer mostraram-se menos ansiosos e com melhor humor muitos meses depois da sessão em que lhes foi administrado um alucinógeno.

Essas pesquisas são especialmente promissoras porque, embora os alucinógenos possam ser usados abusivamente e colocar em risco a segurança do usuário, eles não são considerados drogas viciantes típicas, pois não induzem ao consumo compulsivo, nem causam síndrome de abstinência quando retirados. Ou seja, não causam dependência química.

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