Até parece que minha postagem “ATENÇÃO MOÇAS!” de 1° de outubro pautou a entrevista da consagrada feminista para revista CLAUDIA de novembro, sob o título “ELA TEM RAZÃO”:
“Claudia: Atualmente você se tem debruçado sobre a questão maternidade versus carreira. Por que esse dilema chamou sua atenção? Camille Paglia: A líder feminista Gloria Steinem, que não tem filhos, disse que as mulheres poderiam “ter tudo”: uma carreira de sucesso e, mais tarde, filhos, se assim desejassem. Mas suas seguidoras se esqueceram da natureza e ignoraram a ciência. A fertilidade da mulher é alta na juventude. Mas começa a apresentar problemas com o passar do tempo, notadamente por volta dos 35 anos. Além disso, tanto a mãe quanto o pai têm mais energia para cuidar das crianças quando jovens. O problema vem da natureza, e não da sociedade: biologicamente, a principal sobrecarga ao dar à luz um bebê recai nas mulheres — durante a gravidez, amamentação e nos primeiros anos de infância. Ou seja, essa opção deveria ser explicitamente discutida no processo de educação das mulheres. As jovens deveriam ser instigadas a refletir sobre que tipo de vida gostariam de levar aos 20, 30 e 40 anos. No momento, nas universidades de elite americanas, jovens talentosas são agressivamente pressionadas a construir grandes carreiras profissionais, como se fossem homens. Mas elas têm que ter todas as questões que rodeiam a maternidade postas na mesa. As jovens que querem ter uma família podem tirar um tempo livre no começo de suas carreiras para se dedicar a esse projeto? Elas devem colocar em risco os avanços no trabalho? Nos Estados Unidos há uma série de ensaios e memórias de mulheres bem sucedidas entre os 40 e 50 anos que expressam arrependimento por não terem tido filhos declarando que se sentem agora isoladas e sozinhas. Evidentemente que elas foram atacadas por feministas que dizem que ser mãe ‘full time’ é um desperdício. Mas, sob uma perspectiva espiritual, o sistema de carreira moderno não deveria ser venerado. As pessoas não deveriam ser definidas pelo trabalho. A educação das crianças é um ato criativo e crucial em qualquer civilização.”
PS: Recentemente, Camille Paglia visitou Salvador, adorou a cidade e fez elogios rasgados ao trabalho da Daniela Mercury como cantora e dançarina, que ela considera muito mais amplo e eclético que o da Madona. Vale a pena conferir: http://www.salon.com/opinion/paglia/2008/06/11/hillary/index2.html
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