quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO!


Mulheres e homens são diferentes. Durante toda a história da humanidade, sempre que havia discordância, o homem mandava e a mulher de juízo obedecia porque, além de ela ser fisicamente mais fraca, era o homem que provia a casa, se o desafiasse, arriscava-se a ser abandonada e não ter como se sustentar.

Essa realidade está mudando. À medida em que a mulher vai ficando economicamente independente, sua tolerância às idiossincrasias masculinas diminui. Como os homens gostam de mulheres submissas e as mulheres não aceitam mais se submeter, cada vez mais gente mora sozinha.

Quem não consegue compartilhar a vida com o outro sexo precisa recorrer a produção independente para ter filhos e, neste aspecto, as mulheres levam vantagem: é mais fácil conseguir um punhado de espermatozóides que óvulos e barriga de aluguel.

Enquanto a produção independente for exceção, não vejo maior problema, mas se o admirável mundo novo caminhar nesta direção, algumas questões éticas se impõem, pois a seleção artificial produz resultados rapidamente, faz em décadas o que a natureza não fez em milênios, haja vista, a variedade de raças de cães e gatos que criamos.

A mulher vai ao banco de sêmen  e escolhe, como falou uma entrevistada à Revista Veja desta semana (pág. 105), o esperma de “um professor de história de olhos verdes, 1,89 metro e sorriso encantador”, dizendo: “Optei pelo tipo de homem pelo qual poderia me apaixonar”. Está enganada,  quando um homem e uma mulher têm filhos por seleção natural, cada um verificou uma infinidade de características do outro (intuitivamente e racionalmente): caráter, companheirismo, sociabilidade, agressividade, poder, sucesso, etc.

Que tipo de homem doa esprema para um banco de sêmen? Não sei, mas não creio que seja o típico pai de família que, por seleção natural, é escolhido. Não vejo aquele senhor, casado, reunir a família para perguntar o que a mulher acha de ele engravidar outras mulheres, um monte delas, ainda que, sem envolvimento físico e emocional e para os filhos se eles não se incomodam de ter irmãozinhos desconhecidos, às dúzias, perambulando por aí. E por que o jovem promissor quereria espalhar descendentes biológicos antes de constituir sua família? Se for prudente, vai temer ser legalmente responsabilizado no futuro.

O homem que tem filho fruto de um episódio de sexo fortuito é legalmente responsabilizado por ele. E o doador de esperma que põe dezenas de filhos no mundo, não poderá ser responsabilizado por eles? De acordo com a legislação atual, acredito que sim.

Nos países onde a lei permite a venda de sêmen, imagino que os doadores sejam majoritariamente homens com dificuldades financeiras, mas no Brasil, onde esse comércio é proibido, há que se apurar o que os motiva.

É um assunto novo, certamente, ainda há muito em que se pensar.
Foto:© Alexhg1 | Dreamstime.com
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domingo, 11 de dezembro de 2011

FINA ESTAMPA: REALISTA OU FANTASIOSA - 2?

Li hoje na Revista da TV de O Globo que nos próximos capítulos Guaracy “garante que assumirá o filho que Esther está esperando”.

Nas novelas da Globo é fácil para as grávidas encontrarem homens dispostos a namorá-las e assumir seus filhos (de outros homens) em gestação. Não é preciso sair do horário das 21:00 h. para colher mais exemplos: Em “A Favorita” ― protagonizada por Cláudia Raia e Patrícia Pilar, esta no papel de uma psicopata  ― a jovem Mariana (Clarice Falcão), grávida de outro, conquista o adolescente Shiva (Miguel Rômulo) e o namoro resiste ao crescimento da barriga e ao nascimento do bebê. Em Insensato Coração ― com Débora Seco no papel da periguete que se casa com um banqueiro do mal ― a mocinha Cecília (Giovanna Lancellotti) engravida do mau caráter Vinícius (Thiago Martins) e, grávida dele, reata o namoro com seu grande amor, Rafael (Jonatas Faro).

Na vida real, namorar uma  mulher sabidamente grávida de outrem, embora possível, seria a última das escolhas masculinas, opção de quem não tem outra alternativa, não do Guaracy, um homem bonito e relativamente bem sucedido.

Tal consideração é antipática às mulheres, mas cabível, em se tratando de um blog evolucionista: no ambiente de escassez em que viveram nossos ancestrais, o macho que aceitasse o risco de criar filhos de outros machos poderia não ter recursos suplementares para criar seus próprios filhos e não conseguir passar seus genes adiante. Embora o discurso do homem tenha se modernizado rapidamente nas últimas décadas, seus sentimentos, sujeitos à mutação no ritmo lento da evolução das espécies, permanecem os mesmos dos séculos XX, XIX, XVIII...

Já imaginou que bom seria se a mulher pudesse engravidar a seu bel prazer ― de quem quisesse e quando quisesse ― sem nenhum prejuízo para sua capacidade de amar e ser amada por outros homens? Os novelistas imaginaram.

Foto: © Rqs | Dreamstime.com

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