quinta-feira, 20 de outubro de 2011

MERCADO DE TRABALHO: BELEZA ATRAPALHA?


Pesquisadores enviaram currículos para concorrer a milhares de vagas de emprego. Currículos idênticos eram apresentados, ora sem foto, ora com a foto de uma mulher comum, ora com a foto de uma mulher atraente. Dentre os currículos sem foto, 16,6% foram selecionados para entrevista. Dentre os com fotos de mulheres comuns, 13,6%. Dentre os currículos “de beldades”, apenas 12,8%. A mesma pesquisa, feita com homens, resultou mais de acordo com o esperado: os “atraentes” foram mais escolhidos, 19,7%; sem foto, 13,7% e os “comuns”, 9,2%.(*)

A julgar por esses resultados, a beleza facilitaria a vida dos homens, mas dificultaria a das mulheres.

De acordo com o evolucionismo, intuitivamente, percebemos a beleza como indício de boa saúde. E saúde é essencial para o trabalho, não faria sentido os empregadores descartarem justamente as candidatas que percebem como mais saudáveis.

A imprensa não costuma ser rigorosa na apresentação de pesquisas científicas. Todavia, dadas as informações divulgadas, eu diria que o estudo foi conduzido por cientistas do sexo masculino ― senão todos, a maioria ― e que o vício da pesquisa estaria na escolha das pessoas atraentes.

Os pesquisadores (homens) escolheram as mulheres que lhes eram atraentes. E os empregadores excluíram do processo seletivo aquelas que consideraram excessivamente sensuais e que poderiam desvirtuar os ambientes de trabalho. Na escolha dos homens bonitos, o critério certamente foi diferente, pois nenhum pesquisador-homem escolheria homens sensuais. Se os pesquisadores fossem orientados a escolher fotos de mulheres atrativas “com quem pudessem se imaginar casados”, eles próprios teriam excluído as de aparência notadamente libidinosa e, provavelmente, a beleza se revelaria mais valiosa para as mulheres que para os homens (a porcentagem de mulheres bonitas escolhidas seria ainda maior que a de homens).

As duas moças acima são atraentes, mas se as fotos estivessem encabeçando currículos equivalentes, para maioria das vagas oferecidas pelo mercado de trabalho, o currículo da direita seria escolhido e o da esquerda descartado.

Mulher bonita, você não precisa esconder sua beleza, basta saber mostrá-la de acordo com o objetivo.

(*) Fonte: Revista Claudia, Setembro de 2011, pág. 140.
Fotos, esquerda e direita, respectivamente: © Kirk655321 | Dreamstime.com e © Anytka80 | Dreamstime.com

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Um comentário:

VIVIANE SOUZA disse...

Muito interessante a matéria. Sou profissional de RH e convivo com a dinâmica dos processos seletivos e observo que as pessoas dotadas de beleza física são na maioria das vezes, “boicotadas” pelas colegas do mesmo sexo, rotuladas como incompetentes e têm maiores chances de sofrerem assédio sexual e moral.
A sociedade “pune” aqueles que estão fora do padrão que estabelecem. E no cotidiano empresarial esses padrões são muito limitados.
Também percebo o inverso, recrutadores que solicitam boa APARÊNCIA ao invés de boa APRESENTAÇÃO profissional e pessoal. Que valorizam mais este requisito do que o conhecimento e habilidades do profissional.
No meu livro “Quebre essa idéia” trato do paradigma organizacional: “Ele(a) é só um rostinho bonito” e é notório que pessoas dotadas de atributos físicos sofrem discriminação. Sou a favor de mudanças nos processos seletivos que ainda são pautados em arcaicos preceitos. Abraço, Viviane.