sábado, 5 de dezembro de 2009

FINAL DO CAMPEONATO BRASILEIRO (reedição de “Violência no Futebol”)

Amanhã é a tão aguardada última rodada do campeonato brasileiro de futebol que vai apontar o campeão e os rebaixados para série B. O Rio de Janeiro está particularmente mobilizado, pois o Flamengo será campeão se vencer no Maracanã e o Botafogo será rebaixado se perder no Engenhão.

Um esquema especial de segurança será armado para controlar a violência em caso de frustração de uma ou das duas torcidas. É um bom momento para perguntarmos:

Não é espantoso que um jogo de futebol possa levar multidões ao delírio ou à depressão, causar brigas e até mortes entre torcedores que nada têm a ganhar ou perder, mas que se emocionam como se suas vidas dependessem daquela disputa?

A resposta mais uma vez está na formação de nossos instintos de preservação da espécie, na pré-história, época em que precisávamos de grandes extensões de terra para caçar e coletar. Quando o alimento se tornava escasso numa região, tribos vizinhas guerreavam pela sobrevivência, cada qual cobiçando anexar o território alheio. Somente os guerreiros se enfrentavam, mas o destino da tribo era único: expulsão ou morte na derrota; mais terras e alimentos na vitória.

Essa situação se reproduz nas modernas competições esportivas: somente os jogadores profissionais se enfrentam, mas as respectivas torcidas se sentem comprometidas com o resultado. Até a nomenclatura é a mesma; se antes tínhamos as nações indígenas, hoje temos as “nações” flamenguista, corintiana, etc.

Quando ocorre violência nos estádios, os jornais costumam dizer que os torcedores se portaram “como selvagens”. Existe uma verdade profunda nessa aparente figura de linguagem. Em dias de jogo, ser torcedor de um time é pertencer a uma tribo em guerra. Instintivamente, o sujeito se sente sob ameaça de morte, tomado por forte tensão emocional. Se por um lado esse estado de ânimo faz o esporte ser tão eletrizante, por outro leva o torcedor às raias da violência. E para agravar o quadro, essa conjunção atrai índoles agressivas interessadas em utilizar o ambiente excitado como estímulo e pretexto para o vandalismo.

Em itálico, reprodução das páginas 169 e 170 de “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”.

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Um comentário:

Cristina e Márcia disse...

Olá, Flavio
Pra vc ver como são as coisas, a violência (barbárie mesmo) veio do povo mais educado e elogiado do Brasil...
bjs, Marcia