terça-feira, 22 de junho de 2010

EM DEFESA DE DUNGA

Emoções são respostas animais a estímulos externos. A razão atua a posteriori, a menos que a tensão seja de tal ordem que a impeça de agir. Por exemplo, mulher gostosa desperta desejo. É num segundo momento que o homem vai refletir se vale a pena envolver-se com a cunhada ou a mulher do chefe, por exemplo. Mas se ela entrar nua em seu quarto, a emoção pode, perfeitamente, atropelar a razão.

O gato ataca quando acuado. Qualquer animal, inclusive o racional, pode sentir-se acuado a ponto de atacar. E o Dunga, que é mais paixão brasileira que fleuma britânica, acuado por um batalhão de jornalistas hostis, resmungou palavrões.

Evidentemente, a imprensa que criou o rótulo pejorativo “Era Dunga” não se reconhece hostil. Hoje, o colunista Fernando Calazans escreve sobre o Dunga em O Globo: “examinar seu comportamento como homem, como cidadão, como ser humano enfim, se é que ele pode se classificar como tal.” Depois, candidamente, afirma: “Dunga já recebeu muitas críticas dos jornalistas, minhas em particular. (Mas) Ninguém lhe dirigiu palavrões, ofensas pessoais...” Se colocar em dúvida a condição de homem, de cidadão e de ser humano de uma pessoa não é ofensa pessoal, não sei mais o que as palavras significam.

Ser técnico de uma seleção candidata ao título da Copa do Mundo é naturalmente tenso, espero que a imprensa brasileira não desestabilize emocionalmente o técnico a ponto de perdermos nossa chance de vitória.
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