sábado, 21 de agosto de 2010

O RENASCER DO HOMO SAPIENS

Aníbal Azevedo Fº
Os seres humanos apresentam muito pouca diversidade genética comparado a outras espécies de menor população e distribuição geográfica. A melhor explicação para o fenômeno é nossa espécie ter sido quase completamente extinta recentemente. De fato, achados arqueológicos indicam que todos os seres humanos atuais, provavelmente, descendem de um pequeno grupo de sobreviventes do estágio glacial que durou até aproximadamente 123.000 anos atrás, conta-nos o arqueólogo Curtis W. Marean no artigo de capa da Scientific American deste mês.

O frio intenso desse estágio climático provocou aridez e desertificação exterminando pessoas e sua alimentação ― plantas e animais de clima temperado ― reduzindo a população humana de mais de 10.000 indivíduos para algumas centenas de sobreviventes: os habitantes da região do Cabo Floral na África do Sul, uma faixa litorânea de 90.000 km² que abrange a atual Cidade do Cabo e o Cabo da Boa Esperança. Lá fica a maior diversidade mundial de plantas com geófitos ― órgãos subterrâneos de armazenamento de energia como tubérculos e bulbos. Geófitos são uma importante fonte de alimento para caçadores-coletores. Os espécimes que crescem na região são resistentes ao frio, especialmente ricos em carboidratos e pouco fibrosos, o que os torna muito calóricos e de fácil digestão para as crianças. Lá também se encontram a corrente marítima de Agulhas, que traz água quente de latitudes mais ao norte do Oceano Índico, com a de Benguela, que é fria e cheia de nutrientes, provocando grande abundância de mariscos e outros frutos do mar. Foi essa dieta rica em carboidratos e proteínas que salvou o Homo Sapiens.

Hoje somos quase 7 bilhões, mas já fomos uma espécie em extinção.

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