
― Filho vai para escola.
― Mãe, deixa eu faltar, só hoje?
― Não. Você tem obrigação de ir.
― Por quê?
― Porque você tem 40 anos e é o diretor da escola.
A anedota ridiculariza os filhos que teimam em não sair da casa paterna, fenômeno comum na sociedade contemporânea em que jovens prolongam o estudo e retardam o momento do casamento.
Vendo nas histórias da Idade Média os rapazes tornarem-se guerreiros, reis e se casarem muito novos, ficamos com a impressão de que os jovens atuais são especialmente infantis. Não sei se tais relatos são lendários ou se o período medieval foi uma exceção, o fato é que a humanidade não se caracteriza pelo amadurecimento precoce.
O índio caçador-coletor amazônico não sobrevive por si próprio até os 18 anos*, o que nos leva a supor o mesmo para o homem pré-histórico, também caçador-coletor. Devido a baixa expectativa de vida, os primitivos passavam a maior parte de suas existências dependendo de pais ou familiares. Na Grécia clássica, a maioridade era determinada pela morte do pai. Enquanto ele vivesse, o filho era legalmente “menor”. Ainda que tivesse 60, 70 anos, não podia ter propriedades em seu nome, nem votar ou ser votado.
Foi a natureza, através da seleção natural, que fez a espécie humana gerar o filhote de mais lento amadurecimento em todo reino animal. Portanto, se seu filho recusa-se a sair de casa, diga o que quiser, menos que isso não é “natural”.
* De acordo com o antropologista Hillard Kaplan da Universidade do Novo México ― Scientific American, agosto de 2010, pág 33.
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