quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A MELHOR FANTASIA


Dentre tantas fantasias, a mais acalentada é a “inconsequência”. Quer exemplos?

A atriz magrinha de dar inveja se diz glutona e chocólatra. Como se comer não tivesse consequências!

O nerd que passou em 1º lugar no vestibular declara que levava vida normal, namorava, frequentava festas, jogava futebol com os amigos, etc. Como se deixar de estudar também não tivesse consequências!

No filme “Juno” a adolescente de classe média engravida de seu melhor amigo. Para não sofrer as dores do aborto, nem os dissabores de criar o filho, leva a gravidez até o final e dá a criança em adoção. O filme termina com os jovens tocando violão, alegres e descontraídos. Como se gravidez, parto e filho fossem esquecidos sem sequelas emocionais.

No filme “As Pontes de Madson”, uma mulher de meia idade vive numa fazenda com marido e filhos. Ela gosta deles, gosta da segurança familiar, mas lhe falta aventura. Um dia, sua família viaja para uma feira pecuária. Ela fica. Aparece na região um fotógrafo para retratar as tais “pontes de Madson”. É um sujeito que já correu o mundo, bonitão, sensível e experiente. Vivem um romance. Depois, ele vai embora. A família retorna e a vida dela continua segura. Situação cuidadosamente construída para acalentar o sonho de uma aventura amorosa cuja única consequência fosse a deliciosa recordação.

Etc...

Já reparou que toda vez que diz "que se f.", apostando na inconsequência, quem "se f." é você?

― 114 ―

Nenhum comentário: