terça-feira, 26 de outubro de 2010

O EXPERIMENTO DEMOCRÁTICO

Muitos dos “pais fundadores” da democracia americana eram cientistas. Eles não descobriram a ideologia ― o conjunto de crenças ― que levou os EEUA a se tornarem a nação mais desenvolvida do mundo, eles “apenas” adaptaram (deliberadamente) o método científico de coleta de dados, teste de hipóteses e formação da teoria à construção da nação americana. É este método que, hoje, denomina-se democracia liberal.

Um novo governo, como um laboratório científico, é projetado para acomodar uma série de experimentos, estendendo-os indefinidamente no futuro. Ninguém pode antecipar quais serão os resultados, assim o governo é estruturado não para guiar a sociedade para uma meta específica, mas para sustentar um processo (Achei genial! Quantos têm esta visão?). De tempos em tempos, se o povo achar que o experimento está dando certo, vota na situação, senão, vota na oposição para que ela conduza novos experimentos, que, igualmente, ninguém poderá antecipar que resultados terão.

Por exemplo, a crença do filósofo John Locke de que o povo deveria ser tratado igualmente perante a lei ― materializado na Constituição americana ― era um teoria não testada no Século XVII. Não testada e desacreditada: a maioria dos pensadores achava o povo estúpido demais para escolher seus governantes e até mesmo para ser tratado com dignidade.

Então, para este segundo turno das eleições presidenciais, procure enxergar o tipo de experimento que o governo atual está conduzindo: como lida com o gasto público, como preenche os cargos na administração pública e nas empresas estatais, como combate a corrupção, como combate a pobreza, como lida com movimentos sociais (MST, ONG, etc), como cuida da infra-estrutura do país (estradas, aeroportos, etc), como conduz reformas (trabalhista, previdenciária, política, etc); como trata o meio ambiente; que apreço tem pela verdade ou por outras qualidades morais que você julgue importantes; e assim por diante. Se achar que este experimento deva continuar, vote Dilma, senão, vote Serra. Mas não deixe de votar.

Baseado no artigo Democracy’s Laboratory de Michael Shermer, sobre idéias de Timothy Ferris, pág. 18, da Scientific American de setembro de 2010.

― 115 ―

Nenhum comentário: