quinta-feira, 7 de junho de 2012

CHANCE À SORTE

Gostamos de acreditar que temos livre arbítrio, mas, se escolhemos o que fazer, não escolhemos o que querer. Por exemplo, o sujeito atraído pela cunhada pode ter razoável domínio sobre ceder ou não aos seus encantos, mas não pode decidir não desejá-la. Estará condenado às complicações do sim ou à frustração do não, pois o desejo sexual obedece à seleção natural darwinista e não ao livre arbítrio.

Além da falta de livre arbítrio, ainda existem a herança genética e o acaso. Queremos crer que fazendo o certo seremos afortunados. Doce ilusão! Pessoas que se exercitam regularmente, se alimentam bem e levam vida virtuosa sofrem doenças e acidentes fatais enquanto canalhas que não se cuidam e fazem malfeitos gozam a vida numa boa. Como disse o Scar, o irmão mau do Rei Leão, a vida não é justa (Life’s not fair).

Contudo, mesmo reconhecendo o papel fundamental do incontrolável, devemos ter a humildade de fazer o que estiver ao nosso alcance, não para garantir, mas para aumentar a probabilidade de uma vida melhor: dar chance à sorte e não ao azar. 

Ilustração: © Laurelie | Dreamstime.com
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