quinta-feira, 20 de agosto de 2009

POR QUE DESTA FORMA?

Você já se perguntou por que a forma do pênis humano lembra um cogumelo? Por que não é basicamente um canudo “sem cabeça” como o de outras espécies?



O professor Gordon Gallup da Universidade Estadual de Nova York pesquisou que vantagem evolutiva teria o formato e descobriu que o pênis humano exerce função dupla no coito: depositar esperma e expulsar o sêmen alheio que lá estiver. Durante o vai-e-vem do ato sexual, a glande, pontiaguda e revestida de pele lisa, funciona como um flecha que entra fácil, mas, ao sair, arranca o que estiver no entorno, no caso, o esperma do outro. A teoria foi publicada, em co-autoria com Rebecca Burch, no jornal “Evolutionary Psychology” em 2004. Para testá-la, o pesquisador comprou numa sexy shop uma vagina anatomicamente bem formada e falos com e sem glande. Colocou esperma artificial na vagina e simulou coitos com os dois tipos de falos: os com glande removeram 91% do esperma “alheio” contra apenas 35,3% dos “sem cabeça”. Achou bizarro? Gordon e co-autores receberam aprovação da universidade para fazer a pesquisa que, posteriormente, foi publicada no jornal “Evolution & Human Behavior”.

Depois de estudar a mecânica do coito, Gordon e Rebecca nos deixam uma pergunta intrigante: pode uma mulher engravidar de um desconhecido sem nunca ter feito sexo com ele e, obviamente, sem fazer inseminação artificial? Dou a resposta na próxima semana.

Baseado em artigo de Jesse Bering para Scientific American (on-line) de 27 de Abril de 2009: http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=secrets-of-the-phallus&print=true

PS: A observação de um leitor levou-me a nova consideração sobre o assunto, veja nos comentários.

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2 comentários:

Niels disse...

A explicação mecânica é convincente, mas qual a relação entre o comportamento da espécie humana e a seleção do formato "rodinho de esperma"? Outras espécies se dão bem sem precisar fazer essa limpeza!

Flávio Franklin disse...

Niels,
cada espécie desenvolve-se diferentemente conforme a mutação genética que, aleatoriamente, venha a sofrer. Em algum momento uma mutação genética produziu um ancestral do Chimpanzé com escroto hipertrofiado, capaz de produzir uma quantidade significativamente maior de espermatozóides. Como a fêmea Chimpanzé freqüentemente copula com mais de um macho, toda vez que este macho-mutante compartilhou uma fêmea, competiu com um número bem maior de espermatozóides que seus rivais, o que o levou a gerar mais filhos que eles. O mesmo aconteceu com seus filhos que herdaram essa característica e assim sucessivamente até que o escroto hipertrofiado ― maior que o humano, maior que o do Gorila ― se tornou numa característica da espécie (isto é, todos Chimpanzés atualmente existentes descendem deste indivíduo-mutante, as linhagens de “escroto pequeno” se extinguiram com o transcorrer dos milênios). O mesmo teria acontecido em nossa espécie. Embora a fêmea humana seja menos promíscua que a do Chimpanzé, nossas ancestrais teriam sido suficientemente promíscuas para que a mutação que introduziu o pênis “rodinho de esperma” ― capaz de eliminar 91% do esperma da concorrência ― se transformasse em característica universal da espécie humana.