segunda-feira, 2 de novembro de 2009

VOCÊ ENXERGA O MESMO QUE EU?

Como é nossa visão das cores? Temos três tipos de células sensíveis à cor intercaladas na retina, chamadas cones devido a seu formato: vermelho, verde e azul. Simplificando, os cones vermelhos são especializados em enxergar o componente (ondas eletromagnéticas) vermelho da luz; o cone verde, o verde; e o cone azul, o azul. Quando três diferentes cones contíguos enxergam suas cores na mesma intensidade nosso cérebro vê branco, quando os três não enxergam vê preto. Todas as outras cores são geradas por proporções diferentes de estímulo em cada tipo de cone.

Nem sempre foi assim, na época dos dinossauros, os mamíferos eram pequenos animais subterrâneos ou noturnos, com percepção monocromática da luz: tinham apenas o cone azul, produzidos por um gene que chamarei de gene azul, localizado em um cromossomo não sexual. Na longa evolução até o ser humano, uma cópia deste gene migrou para o cromossomo sexual X, sofreu duplicação e alterações que originaram os genes verde e vermelho.

Assim como boas alterações produziram os genes verde e vermelho, alterações ruins criaram genes verde e vermelho defeituosos que provocam o daltonismo.

Homens herdam um cromossomo X da mãe e um Y do pai. Se o gene verde ou vermelho deste cromossomo X estiver defeituoso, ele será daltônico. Mulheres têm dois cromossomos X, um herdado da mãe e outro do pai. Têm, portanto, os genes verde e vermelho em duplicata. O daltonismo é mais raro nas mulheres porque basta um gene perfeito de cada cor para se enxergar corretamente.

Como a região do cromossomo X dos genes de percepção de cor é especialmente suscetível a alterações genéticas, é possível que exista mais de uma versão funcional para os genes verde e vermelho. Se existir, em tese, algumas mulheres podem ser até pentacromáticas (além do azul, herdarem dois genes verdes e dois vermelhos, todos diferentes).

Questão a se investigar. Pessoalmente, custo crer que tal fenótipo de supersensibilidade para cores exista e ainda não seja bem conhecido. A hipossensibilidade (o daltonismo) foi descrita no Século XVIII.

Inspirado no conto do Bugio de A Grande História da Evolução de Richard Dawkins (Ed. Companhia das Letras).

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2 comentários:

Maria Angélica disse...

Não existe mulher daltônica, assim como não existe mulher hemofílica: elas apenas transmitem para os filhos homens. O gene da calvície , idem .

Flávio Franklin disse...

Maria Angélica,
alterei o texto para explicar porque é diferente a ocorrência do daltonismo em homens e mulheres.