sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

CRÍTICA (EVOLUTIVA) DA CRÍTICA

Em O Globo de ontem Cora Rónai comenta o caso Tiger Woods em diálogo (hipotético?) com a mãe:

Ele não ganha dinheiro para dar bom exemplo, mas para jogar golfe.

Ledo engano, quem lhe paga milhões de dólares em prêmios e publicidade são os patrocinadores que querem associar seus produtos a uma boa imagem. Ao patrocinador pouco importa como a celebridade desperta a atenção dos consumidores, se com golfe, tênis, canto ou dança; importa que se identifique com o ideal do público-alvo.

Esse festival de hipocrisia é nojento! Vai dizer que ninguém naquele país risca fósforo fora da caixa?! O coitado do Bill Clinton também passou por isso, com a agravante de que diziam que não era pelo sexo, mas pela mentira.

E foi pela mentira. O político, para se eleger, aparece em campanha de mãos dadas com a esposa, acompanhado das filhas com a saia abaixo dos joelhos, indo à igreja, etc. Quando o povo fica sabendo que o presidente bonitão assediava* a estagiária gordinha, é natural que muitos fiquem indignados.

Faz parte dos mecanismos instintivos de sobrevivência da espécie humana indignar-se com o logro. Se o sujeito compra um quilo de feijão e lhe entregam novecentos gramas ele se aborrece com a má-fé, não pelo prejuízo de alguns centavos.

* O assédio se caracteriza pela disparidade de poder. E, no caso, que disparidade!

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