sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

ADOÇÃO DE UM JEITO OU DE OUTRO

© Varina And Jay Patel | Dreamstime.com

Volto ao tema. Basicamente, há duas boas motivações para adotar: caridade e vontade de ter (mais) um filho.

Conforme explico no livro Dá trabalho ser feliz, o exercício das virtudes traz felicidade. Dentre as pessoas atentas às oportunidades de serem virtuosas, algumas adotam crianças, como as celebridades do primeiro mundo, casais caucasianos que buscam africanos ou asiáticos marcados pelo sofrimento, não raramente, portadores do vírus HIV ou de síndrome de down. Tamanha diferença entre pais e filhos pode dificultar a formação do amor familiar, o que deve ser compensado por muita abnegação. Manda a prudência que, antes de fazer uma adoção desse tipo, os adotantes se certifiquem de que sejam especialmente caridosos e compassivos.

Casais que desejam um filho e optam pela adoção por não poderem conceber almejam o mesmo que os pais biológicos: bebês recém-nascidos, saudáveis, bonitinhos e parecidos consigo. É a adoção ideal pois o amor pela criança, e o dela pelos pais, desenvolver-se-á exatamente como nas famílias biológicas. A falta de parentesco genético não influi nesse amor, que é instintivo, e exclusivamente produzido pelo convívio familiar. Mas a medida que nos afastamos do ideal encontramos mais dificuldades, temporárias ou permanentes. Não saberia precisar até quando ou sob que circunstâncias é seguro adotar. Ao contrário do que Freud teorizou, importantes pesquisas têm mostrado que “eventos negativos na infância não levam necessariamente a problemas na idade adulta”, “uma criança de menos de 11 anos de idade, por exemplo, cuja mãe venha a morrer, poderá ficar um pouco mais deprimida na idade adulta — mas não muito, e só se for mulher”; por outro lado, como o amor entre pais e filhos nasce e amadurece pelo convívio, quanto mais velha for a criança adotada, maior será o risco do amor não se formar, de todo ou em parte.

As citações acima foram extraídos das páginas 85 e 86 do livro Felicidade autêntica de Martin E. Seligman, Ed. Objetiva, 2004.

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