sábado, 3 de janeiro de 2009

VIOLÊNCIA SIM, AMOR NÃO?

“Matei um homem, e a maioria das pessoas compreende e me perdoa. Porém amo um homem e muitas pessoas consideram que é um pecado imperdoável, que isso faz de mim uma pessoa má.” Este texto compõem a autobiografia em que o hexa-campeão mundial de boxe Emile Griffith admite seu homossexualismo. O homem que ele matou foi o cubano Benny “Kid” Paret que o chamou de maricón, o equivalente em castelhano para bicha, antes de uma luta pelo título mundial. “No 12° assalto, Griffith atingiu 21 golpes consecutivos em Paret, que àquela altura já tinha metade do corpo para fora do rinque e se mantinha em pé graças somente à segunda corda. O cubano caiu, entrou em coma e morreu dez dias depois”. Os textos entre aspas são do artigo “Os dois mundos de um campeão de boxe” publicado em 28/12/2008 na Folha de São Paulo à pág. D5.

À luz do humanismo fica difícil aceitar que um homem possa ser perdoado pela morte de outro e não por amar outro, já a psicologia evolucionista tem uma explicação. Nossos sentimentos são mecanismos primitivos de preservação da espécie: uma de suas principais funções é valorizar bons e desvalorizar maus provedores e reprodutores. Grosso modo, admiramos pessoas fortes, hábeis e agressivas, como os esportistas, porque no mundo primitivo elas eram mais capazes de nos proteger, de caçar e coletar alimentos, e os bonitos e sedutores, como os astros e estrelas de cinema, porque eles nos passam uma imagem de bons reprodutores. Por isso, um macho-alfa que mata um rival é admirado, enquanto seu amor estéril por outro homem, reprovado.

É bom que fique bem claro que o fato de haver uma explicação para esses sentimentos, de maneira alguma, justifica o tratamento indigno ao homossexual, nem a morte no esporte.

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