
Joga pedra no casamento, ele é feito para apanhar, ele é bom de cuspir¹. Toda colunista descasada ― solteira, divorciada, namorada de solteiro que “não se decide”, amante de homem casado ou simplesmente desesperada ― fala mal do casamento em suas crônicas. É patético.
Por razões evolucionistas, por mais independe que seja a mulher, é de sua natureza apreciar a proteção masculina; por razões culturais², ter um homem é um aval para suas qualidades femininas. Machismo? Mas a sociedade e as próprias mulheres são machistas.
No ensino médio, tive um professor de desenho bizarro. Ele não dava prova, afirmava saber quem era bom aluno. Nunca reprovou alguém, até que um dia:
― André, como você está em matemática?
― Ih professor, estou mal, acho que vou ficar de segunda-época.
― Física, química e português?
― Enrascado.
― André, vou reprová-lo, que é mais uma chaga para um pobre Lázaro?
Também vou jogar pedra no casamento: se ele ao menos enaltecia a mulher, está perdendo essa qualidade.
O casamento era uma aposta do homem na mulher, ou melhor, na deusa com quem queria viver para o resto da vida e por quem valesse a pena correr o risco da divisão patrimonial. Lembre-se de que os casamentos eram feitos em comunhão de bens e de que tudo conspira para o homem ser mais bem sucedido economicamente que a mulher.
A lei equiparou a união estável ao casamento com comunhão parcial de bens. Inclusive o namoro, pois não é preciso coabitar. Resultado: o casamento passou a ser visto como um seguro: “Namoro essa mulher e amanhã ela leva metade de tudo que eu ganhar. De jeito nenhum, vou me casar com separação de bens.” E assim, o casamento perdeu a antiga pureza.
1. Adaptado de Geni e o Zepelin de Chico Buarque.
2. A cultura, não raro, é uma causa secundária que expressa causas primárias naturais.
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