segunda-feira, 15 de junho de 2009

VIOLÊNCIA NO FUTEBOL

Dia 12 de Junho foi aniversário de minha mãe. Feriadão, viajei com mulher e filhos ao interior de SP para festejá-la. No dia seguinte, sábado, meu garoto de 10 anos pediu para irmos ao jogo Guarani x Vasco em Campinas. Como recentemente morreu um torcedor no confronto Corinthians x Vasco, havia um rigoroso esquema de segurança: ruas do entorno do estádio fechadas ao trânsito, bilheterias e entradas exclusivas para cada torcida, policiamento ostensivo, etc.

Não é espantoso que um jogo de futebol possa levar multidões ao delírio ou à depressão, causar brigas e até mortes entre torcedores que nada têm a ganhar ou perder, mas que se emocionam como se suas vidas dependessem daquela disputa?

A resposta mais uma vez está na formação de nossos instintos de preservação da espécie, na pré-história, época em que precisávamos de grandes extensões de terra para caçar e coletar. Quando o alimento se tornava escasso numa região, tribos vizinhas guerreavam pela sobrevivência, cada qual cobiçando anexar o território alheio. Somente os guerreiros se enfrentavam, mas o destino da tribo era único: expulsão ou morte na derrota; mais terras e alimentos na vitória.

Essa situação se reproduz nas modernas competições esportivas: somente os jogadores profissionais se enfrentam, mas as respectivas torcidas se sentem comprometidas com o resultado. Até a nomenclatura é a mesma; se antes tínhamos as nações indígenas, hoje temos as “nações” flamenguista, corintiana, etc.

Quando ocorre violência nos estádios, os jornais costumam dizer que os torcedores se portaram “como selvagens”. Existe uma verdade profunda nessa aparente figura de linguagem. Em dias de jogo, ser torcedor de um time é pertencer a uma tribo em guerra. Instintivamente, o sujeito se sente sob ameaça de morte, tomado por forte tensão emocional.

Se por um lado esse estado de ânimo faz o esporte ser tão eletrizante, por outro leva o torcedor às raias da violência. E para agravar o quadro, essa conjunção atrai índoles agressivas interessadas em utilizar o ambiente excitado como estímulo e pretexto para o vandalismo.

Texto em itálico reproduzido das páginas 169 e 170 de “Dá trabalho ser feliz, mas vale a pena”.

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